As vinícolas do Sul do país agora têm companhia no segmento de sucos integrais. A carioca Do Bem começa sua expansão nacional com um plano de penetração bem mais agressivo que a dos companheiros gaúchos, que vai além das uvas e das garrafas de vidro.
A marca debutou nos supermercados da zona Sul do Rio em 2009, vendendo suco de laranja sem adição de água, de açúcar ou conservantes. A embalagem Tetra Pak bem-humorada, moderninha, chamava atenção na gôndola, mas o grande apelo para quem olhava o rótulo com atenção era a média de laranjas por litro - 17, contra, segundo a empresa, 5 da indústria tradicional.
A ideia de Marcos Leta, fundador, era fazer uma versão em caixinha das casas de suco do Rio. Em 2007, ele largou o mercado financeiro, enquadrou a gravata e sacou as economias. Passou três meses entre Estados Unidos e Europa para estudar a tecnologia de produção de bebidas naturais. Desde então, a empresa tem crescido em média 250% em receita ao ano. O portfólio se diversificou e tem hoje oito produtos, entre mate, limonada e água de coco.
A Do Bem desembarcou em São Paulo em outubro de 2010, em pequenos empórios. Em 2011, espalhou-se pelo interior, entrou em grandes varejistas e, neste ano, quer lançar quatro tipos de sucos e chegar a outros 17 Estados. Para dar conta da força-tarefa, a companhia está fortalecendo a área comercial com ex-funcionários experientes de grandes players do setor de bebidas. Leta acredita que o Brasil tem uma vocação inexplorada para a produção de sucos naturais. "Ao contrário de outros países, não precisamos importar frutas, temos tudo aqui.
No entanto, vamos muito pouco além do produto in natura. Isso acontece em parte porque as marcas de bebidas que existem no mercado vendem por preço, não estão interessadas em investir em inovação". Os sucos Do Bem custam cerca de 30% mais que os convencionais. Como são embalados a vácuo, têm prazo de validade de quatro meses - na indústria tradicional, as bebidas duram entre 12 e 24 meses. A empresa tem cerca de 60 funcionários e dez fornecedores, alguns deles com maquinário para processamento das frutas dentro da própria fazenda.
Veículo: Valor Econômico