Vendas do ícone de Portugal caíram 4,1% em 2011, mas emergentes como Brasil ampliam o consumo
O vinho do Porto, um dos patrimônios históricos e econômicos de Portugal, encontra-se em crise. Após viver anos dourados, a exemplo do que foi o século 19, quando era consumido diariamente nas casas brasileiras e oferecido em pequenos cálices às visitas, a bebida amargou queda de 4,1% nas vendas em 2011, baixando o volume de negócios para ¤ 353 milhões.
Por conta deste cenário, as empresas da bebida portuguesa estão costurando a criação de um fundo destinado à promoção do vinho do Porto.Uma das principais preocupações dos produtores foi a queda de 3,3% nas exportações, que responderam por ¤ 305,5 milhões em 2011. Portugal, vale lembrar, representa apenas 14,1% do consumo anual de vinho do Porto.
António Saraiva, presidente da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP), revelou ao Diário Económico que o fundo será alimentado pela indústria, através do pagamento de uma taxa por garrafa. O valor da taxa já foi estudado, mas Saraiva não revelou o montante.
A AEVP reúne 16 empresas do setor, que representam 90% da comercialização de vinho do Porto e 35% dos vinhos da região do Douro.A criação do fundo é uma forma do setor fugir da escassez de verbas para a promoção da bebida.
O Instituto de Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) tem, para este ano, ¤ 2,3 milhões reservados para a promoção e internacionalização do setor. O futuro desta questão está nas mãos da ministra da Agricultura, Assunção Cristas.
Copo cheio
Embora o volume global das vendas de vinho do Porto tenha sido de queda, curiosamente Brasil, Rússia, Japão e Polônia aumentaram, e muito, o consumo da bebida no ano passado. A Polônia bebeu 43% mais vinho do Porto no ano passado que em 2010. A Rússia consumiu 39,5% a mais e o Japão 22,7% a mais.
Sobretaxação
Já o Brasil, 10º maior consumidor global de vinho do Porto, tomou ¤ 5,3 milhões da bebida no ano passado, um salto de 6,8% em relação a 2010. “Nós vendemos muito bem nossas três marcas de vinho do Porto. Em 2011, elevamos a comercialização dessa bebida em 8%”, afirma Ciro Lilla, presidente das importadoras de vinho Mistral e da Vinci e vicepresidente da Abrabe (Associação Brasileira de Bebidas).
Se o fundo para promoção da bebida acarretar em aumento da garrafa para o Brasil, os importadores brasileiros deverão reagir. “Novos impostos é tudo que não precisamos. Hoje, três quartos de uma garrafa de Porto são de imposto. A tributação em cima dos importados é altíssima e o governo sempre dá um jeito para aumentar o preço.
Se este fundo para promoção da bebida vier acompanhado de mais taxas, prefiro que não criem o fundo”, rebate Lilla.O Brasil, lembra o empresário, já ocupou a posição de maior consumidor global de Porto. Isso ocorreu em meados do século 19, quando a ingestão diária de um cálice da bebida era vista como remédio. Posteriormente, o Porto assumiu o papel de “vinho de meditação”, que não precisa de comida para acompanhar. Hoje, uma moda que cresce no país é um drink que combina tônica, porto e limão.
Veículo: Brasil Econômico