AB Inbev avalia recomprar a StarBev

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A fabricante da cerveja Staropramen opera em nove países da Europa Central e Leste Europeu, onde distribuiu outras marcas da Anheuser, como Stella ArtoisPesos pesados do mercado de cerveja, como a Anheuser-Busch InBev NV, que estão em busca de operações para comprar em países de alto crescimento, avaliam a possibilidade de compra da produtora da lager tcheca Staropramen, cujo valor poderia chegar a US$ 3 bilhões, segundo fontes a par da situação.

 

A CVC Capital Partners - dona da cervejaria, chamada StarBev, desde dezembro de 2009, quando a comprou da Anheuser - foi contatada por vários interessados na compra da empresa desde o fim de 2011, segundo as fontes. O processo está nos estágios iniciais e poderia não resultar em uma venda.

 

Além da Anheuser, outras cervejarias que poderiam ao menos avaliar as operações da StarBev, como a SABMiller PLC, Carlsberg e Heineken, a Molson Coors Brewing, a japonesa Asahi e, possivelmente, outras empresas de investimentos em participações. A Anheuser tem o direito de fazer a "primeira oferta", mas não está claro que tipo de vantagem isso lhe daria, caso de fato decida preparar uma proposta pela empresa.

 

A StarBev, como foi renomeada pela CVC, consiste nas antigas operações da Anheuser na Europa Central e Leste Europeu. Opera em nove países, entre os quais a Bósnia, Bulgária, Croácia e República Tcheca, onde fica sua sede. Comercializa várias cervejas menos conhecidas no Ocidente, como a Bergenbier e Borsodi, além da Staropramen, marca internacional vendida em mais de 30 países. A StarBev também tem direito para produzir ou distribuir marcas da Anheuser, como a Beck's, Hoegaarden, Lowenbrau e Stella Artois.

 

Embora as atividades da empresa tenham sido afetadas pela desaceleração econômica nos países do Leste Europeu, como resultado da crise da dívida europeia, as perspectivas de crescimento de longo prazo das economias em desenvolvimento no Leste Europeu são consideradas excelentes. Além disso, há um combinação de poucas operações disponíveis para venda no mercado mundial de cerveja e de várias grandes cervejarias internacionais cheias de caixa. A Anheuser, por exemplo, tinha US$ 4,5 bilhões em junho.

 

Outro acordo em possível andamento envolve a cervejaria chinesa Kingway Brewery Holdings Ltd., segundo fontes a par do assunto disseram recentemente. Entre as várias compradoras interessadas estariam a Anheuser e a Tsingtao Brewery.

 

As empresas de investimentos em participações costumam ficar com as empresas que compram entre três e cinco anos, portanto uma venda agora da StarBev significaria que a CVC conseguiu uma rápida recuperação das operações e evidenciaria o grau de interesse estratégico na cervejaria.

 

O acordo entre a Anheuser e a CVC em 2009 foi complicado. A CVC, na época, considerou o valor empresarial da StarBev em US$ 2,23 bilhões, sendo US$ 1,62 bilhão em dinheiro e US$ 448 milhões em obrigações de pagamentos posteriores. O acordo também incluiu um pagamento condicional de até US$ 800 milhões, embora não esteja claro como isso entraria em qualquer nova venda. Embora seja incerto quanto a StarBev poderia valer, uma fonte diz que provavelmente seria mais do que a CVC pagou pelas operações.

 

A Anheuser colocou suas operações no Leste Europeu à venda logo depois de a InBev ter comprado a Anheuser-Busch por US$ 52 bilhões no fim de 2008, compra que carregou a empresa com US$ 45 bilhões em dívidas logo quando os mercados financeiros mundiais desabavam com a quebra do Lehman Brothers. O acordo com a CVC foi parte de uma série de venda de operações que também incluiu a Oriental Brewery, da Coreia do Sul, por US$ 1,8 bilhão, para a empresa de investimentos em participações Kohlberg Kravis Roberts & Co. A Anheuser também manteve o direito de recomprá-la posteriormente. Não está claro se e quando a Anheuser poderia querer recomprar a Oriental Brewery.

 

Crescimento tímido do mercado estimula aquisições


 
A venda de cerveja no mundo praticamente patina, mesmo em mercados emergentes como o Brasil. Em 2011, segundo a Euromonitor, o consumo mundial da bebida cresceu 7% em valor, atingindo vendas de US$ 617,5 bilhões, e subiu só 2% em volume. No Brasil, o consumo em litros subiu 4%, o dobro da média mundial, mas ainda assim um índice tímido, enquanto o faturamento saltou 22%, para R$ 75,2 bilhões.

 

Nesse cenário, só restam duas opções às grandes cervejarias: crescer agregando valor ao produto - estratégia limitada nos mercados emergentes, por conta do tíquete médio mais baixo - ou via aquisições. Essa segunda via vem sendo analisada com atenção por empresas globais como AB Inbev, Heineken, Carlsberg, SAB Miller e Kirin. Todos esses estão interessados na Starbev, segundo "The Wall Street Journal" e a "Bloomberg".

 

Praticamente desconhecida no Brasil, a Starbev é uma das principais cervejarias do Leste Europeu e Europa Central. Com a AB Inbev, já mantém uma relação comercial, uma vez que a empresa se responsabiliza pela produção e distribuição da marca Stella Artois nos países onde atua. Em se tratando do próprio portfólio, a Starbev aposta na Staropramen, a marca mais vendida em Praga, sede da Starbev, que quer tornar o produto global.

 

Também constam do mix da cervejaria as marcas Bergenbier, Borsodi, Jelen, Kamenitza, Niksicko e Ozujsko. A Starbev tem operações na Bósnia, Bulgária, Croácia, República Tcheca, Hungria, Montenegro, Romênia, Sérvia e Eslováquia. O faturamento anual da cervejaria gira em torno dos € 700 milhões. Comandada pelo executivo Alain Beyens, a empresa tem 4 mil funcionários.

 

Veículo: Valor Econômico


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