A Coca-Cola Co. tem deixado boa parte de seu caixa fora dos Estados Unidos, em resposta ao nível baixíssimo dos juros no país, e o Brasil tem sido um destino frequente, disse o diretor-financeiro Gary Fayard ontem.
A fabricante de bebidas tinha cerca de US$ 13 bilhões em caixa no fim de dezembro. Perto de US$ 10 bilhões desse montante estava fora dos EUA, com cerca de US$ 3 bilhões no Brasil, disse ele a investidores num evento na Flórida.
"Os juros que estamos coletando no Brasil são bem altos", disse Fayard.
A Coca obtém a maior parte de seu lucro fora dos EUA, tendo registrado uma receita de US$ 46,54 bilhões e lucro líquido de US$ 8,57 bilhões no ano passado.
A companhia afirmou este mês que as variações cambiais, entre elas uma alta do dólar, deverão ter um impacto negativo sobre seu lucro operacional este ano. Ela faz hedge contra flutuações nas principais moedas, mas muitas das moedas menores, particularmente em mercados emergentes, não são protegidas.
Fayard disse ontem que a Coca está investindo a maior parte de seu caixa em dívida de governos estrangeiros, muitas vezes com maturidade de 60 a 90 dias.
Mas ele acrescentou que a Coca age rápido para trocar suas posições de volta para o dólar ou fazer hedge contra possíveis perdas com derivativos quando há grandes movimentos no câmbio. Em fins do ano passado, disse ele, quando se temia que problemas econômicos na Europa pudessem prejudicar mercados emergentes, a Coca fez hedge para cerca de metade de suas posições em real.
Ele disse que a Coca está confiante quanto à perspectiva de negócios em países emergentes este ano, depois que o crescimento perdeu força no quarto trimestre, inclusive no Brasil, onde o volume de vendas da companhia não cresceu.
"O Brasil ficou superaquecido, reduziu a marcha e agora está começando a voltar", disse ele a investidores.
Veículo: Valor Econômico