A cervejaria Schincariol, comprada no ano passado por US$ 6 bilhões pela japonesa Kirin, guarda no armário dívidas que somam mais de R$ 2,4 bilhões.
No balanço divulgado há dez dias, a empresa divulgou que fechou 2011 com R$ 383 milhões em dívidas que vencem em até um ano. Também há mais R$ 738 milhões em títulos com mais de 12 meses de prazo para pagamento - um total de R$ 1,122 bilhão. Além disso, a cervejaria fez provisões de R$ 532,6 milhões para dívidas que estima ter pelo menos 50% de chance de ser obrigada a pagar, entre elas processos trabalhistas e tributários.
"Os esqueletos no armário estão nas pendências que a companhia acredita que são mais fáceis de rolar", diz Chris Thornsberry, analista da Raymond James. São débitos que somam R$ 2,4 bilhões em ações tributárias, trabalhistas e cíveis, valor para o qual a Schin não tem provisões ou reservas para um possível pagamento - uma vez que, segundo seus contadores, as chances de ter que honrar esses débitos são inferiores a 50%.
Essas dívidas não provisionadas foram as que mais cresceram em 2011. Avançaram 14,17% sobre os R$ 2,1 bilhões de 2010. Já as de curto prazo e as de longo prazo subiram 7,71%. "As dívidas não provisionadas não têm efeito financeiro, não contam para o cálculo da alavancagem da Schincariol", diz o analista. "Mas são problemas que, não se sabe, podem crescer e atrapalhar a empresa no futuro", afirma.
Veículo: O Estado de S.Paulo