Bebidas podem ficar mais caras

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Fabricantes pediram à Receita Federal que suspenda o aumento da carga tributária.


O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas (Abir), Herculano Anghinetti, disse ontem que o setor solicitou à Receita Federal que suspenda o aumento da carga tributária conforme anunciado na semana passada pelo governo para evitar um aumento nos preços finais e, por conseqüência, um aumento da inflação. Ele lembrou que o setor tem investimentos previstos de R$ 7,9 bilhões para este ano, o que está em consonância com os objetivos da presidente Dilma Rousseff de aumentar os investimentos e os postos de trabalho no Brasil.

"A indústria fez suas ponderações sobre os impactos que este aumento de tributos pode gerar no preço final", disse Anghinetti após reunião com o secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, que durou cerca de duas horas e meia.

O executivo disse que o setor agora espera uma audiência com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para apresentar o seu plano de investimento. Ele afirmou que, em 2010, não houve aumento da carga tributária para bebidas frias em troca de um compromisso de investimentos de R$ 4,6 bilhões. Segundo ele, esse compromisso foi superado e o setor investiu R$ 5,4 bilhões naquele ano e gerou 44 mil postos de trabalho.

Além disso, ele disse que houve um aumento da arrecadação federal e estadual em R$ 1 bilhão em relação ao ano anterior em função dos impostos recolhidos pelo setor de bebidas frias. Mas, em 2011, disse Anghinetti, a Receita entendeu que este mecanismo de contrapartida não mais se aplicaria e, por isso, os investimentos previstos de R$ 7 bilhões para o ano passado não foram cumpridos na integralidade, atingindo cerca de R$ 6 bilhões.

Segundo ele, uma pequena parte do aumento da carga tributária foi represada pela indústria, que comprimiu seus ganhos. Ele disse que, por conta do aumento tributário, a indústria perdeu 2% das vendas em 2011 e também já registrou queda nas vendas, no primeiro bimestre de 2012, de quase 3%.

Anghinetti afirmou que essa queda das vendas no início do ano não tem explicação, já que não houve alta de preço e era pleno verão, além de ter havido um reajuste do salário mínimo. "Agora, com o aumento que está por vir, a indústria não tem capacidade de absorver e terá que ser repassado para o preço, criando-se um ciclo vicioso e não mais o ciclo virtuoso que vivemos", disse.


Reajuste - Ele disse que a indústria ainda não calculou o reajuste no preço final, caso o governo mantenha a decisão de mudar a base de cálculo da tributação do setor, mas disse que o impacto será diferente por produto e fabricante. O presidente da Abir afirmou que apenas em um produto em que foi calculado o impacto o reajuste para o consumidor final ficaria entre 2% e 3%.

Anghinetti estimou, no entanto, que o impacto na inflação de um reajuste de bebidas frias seria em torno de 0,5 ponto percentual. Segundo ele, esse cálculo foi feito considerando a mesma conta realizada na semana passada por especialistas do mercado para o peso do aumento dos cigarros na inflação. Ele informou que o peso dos preços de bebidas frias é cinco vezes maior que o do cigarro.

Ao ser questionado se o setor ameaçou suspender investimentos previstos para este ano, como foi noticiado pela imprensa, Anghinetti disse que não há essa possibilidade. "Não tem isso. Temos a Copa, a Olimpíada. Temos expectativa de consumo e, por isso, teremos que fazer esses investimentos", ponderou. Mas ele acredita que, se convencer o ministro Mantega de que a proposta do setor de não haver reajuste para estimular investimentos é tempestiva, ele pode sugerir à presidente Dilma Rousseff que suspenda a decisão de aumento da carga tributária para o setor.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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