Brasileiro está tomando mais uísque. Mas tem de ser escocês

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Em 2011, nova classe média se sentiu mais confiante para consumir bebidas mais sofisticadas


Nunca o brasileiro tomou tanto uísque. E não é qualquer uísque. A Scotch Whisky Association (SWA), a entidade escocesa que representa os fabricantes da bebida, chegou a comemorar: só no ano passado, as exportações da bebida para o Brasil alcançaram 99,2 milhões de libras esterlinas, ou R$ 259,5 milhões, ajudando as vendas de uísque do país do Reino Unido a baterem um recorde histórico.

O crescimento brasileiro, segundo a associação, foi o mais acelerado do planeta: 48% em relação a 2010. O valor monetário das vendas para o País foi mais de quatro vezes o exportado para o País em 2004, ano em que a importação brasileira de uísque escocês foi de 38 milhões de libras, ou R$ 143,9 milhões, já descontada a desvalorização do real.

"As marcas premium foram as que mais venderam", diz Colin Kavanagh, diretor de marketing da Pernod Ricard. "Tivemos alta de 24% para Ballantine's e de 42% para Chivas, que é a marca mais cara. A única que não teve crescimento foi Natu Nobilis, nossa marca mais barata e com malte nacional", acrescenta.

A multinacional francesa e a britânica Diageo são as maiores importadoras de uísque escocês do País. Em 2011, as duas bateram recordes de investimento em marketing para uísques.

Na Pernod, houve alta de 50% nos investimento em marketing para todas as marcas da companhia. Na Diageo, os "scotch" também lideraram a verba de propaganda. "Não revelamos valores, mas foi o maior investimento em marketing da história da Diageo no Brasil", diz Tânia Cesar, diretora executiva da fabricante do uísque Johnnie Walker.

O consumidor brasileiro, segundo Tania, consolidou no ano passado uma tendência que já vinha sendo desenhada: o rejuvenescimento da categoria. "Antes, uísque era uma bebida ligada a luxo e consumida só em momentos especiais. Hoje ela está mais presente e desmitificada: chegou aos happy hours e ao consumidor é mais jovem."

A nova classe média, segundo Kavanagh, é responsável pelo aumento do consumo da bebida. "Há dois ou três anos, a classe C já havia conquistado um maior poder aquisitivo. Mas, em 2011, esse consumidor percebeu que o ganho veio para ficar e graças a sua estabilidade financeira, ele se sentiu mais confiante para adquirir bens mais sofisticados. O uísque escocês, embora custe caro, é um luxo acessível", explica ele, que acredita que o consumo deve continuar crescendo em 2012.

Na outra ponta, quem não se deu bem foram os fabricantes de cachaça. Muitos consumidores deixaram a "branquinha" de lado e migraram para bebidas que conferem maior "status", como o uísque, segundo Tânia. Por isso, conforme o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), só as marcas premium de cachaça tiveram alta nas vendas. Em 2011, elas venderam 7% mais em volume, segundo o Ibrac. As populares permaneceram estáveis, depois de caírem de 2% a 3% entre 2009 e 2010.


Veículo: O Estado de S.Paulo



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