Era o verão de 2007 no Rio de Janeiro e a formalidade do mercado financeiro torturava Marcos Leta, então funcionário de um banco de investimentos. Ele se perguntava, entre outras questões, qual o sentido em alguém trabalhar de terno e gravata em pleno calor carioca. Fim de tarde, de expediente, e veio o insight durante a tradicional parada em uma casa de sucos, no Leblon: por que não colocar uma "casa de sucos" dentro de embalagens legais?
Marcos Leta largou o emprego entediante e viajou o mundo conhecendo tecnologias que permitissem a produção de um suco em caixinhas que não levasse nada de conservantes, açúcares e corantes. Hoje, aos 29 anos, ele é o empresário à frente da Do Bem (no logotipo, o nome é escrito só com letras minúsculas), marca com sete produtos no mercado (cinco sabores, mais água de coco e chá-mate) cujo slogan é "bebidas verdadeiras", fundada em 2009.
Presente em sete estados, incluindo São Paulo desde o ano passado, a Do Bem deve lançar duas novidades em 2012. O mercado conquistado mais recentemente foi o do Rio Grande do Sul, onde chegou em março. A previsão é alcançar mais três regiões do país
"Sempre fui ligado em vida saudável. Mas naquela ocasião eu estava trabalhando até tarde, não me alimentava direito, vivia cansado...", conta. "Em algum momento desejei ter um negócio próprio, mas não tão novo."
Como a oportunidade estava ali, latente, Marcos Leta decidiu que se era para empreender tão cedo, se arriscar, que fosse por algo inovador. "Somos uma equipe jovem. A média de idade é de 28 anos. Todos compromissados em fazer o melhor, mas com um modelo diferente que inspire mais empreendedores nos próximos anos."
Enxergar o cliente como melhor amigo é o foco principal. Um dos textos de apresentação da empresa no site www.dobem.com reflete esse espírito: "Começamos a querer mudar as coisas, construir a Do Bem como gostaríamos que todas as empresas fossem: verdadeira, transparente e gentil. Tratando você como nos relacionamos com nossos amigos. Menos empresa, mais família."
A identidade visual divertida das caixas de suco também remete à mensagem que a empresa espera passar. Além do anjinho-fruta que simboliza a marca, o marketing é recheado de frases espirituosas como "adoramos imaginar sua geladeira toda colorida". "A inspiração é a tropicalidade do Rio de Janeiro, que é alegre e cheio de cor no contraste entre natureza e urbano", diz Marcos Leta.
O nome da marca não estava na cabeça da equipe desde o começo. Conforme o conceito foi se desenvolvendo, o grupo percebeu que as qualidades de alguém "do bem" casavam com o que a empresa deveria transmitir. "A pessoa do bem é pura, fala a verdade, mas não é um ingênuo. Tem atitude para ir atrás do que deseja."
Meta inicial - Para sustentar a promessa de um produto 100% fruta, zero aditivos químicos, o empresário diz que o suco é embalado a vácuo e carrega um prazo de validade que vai de quatro a seis meses, menor do que o dos concorrentes no mercado, que chegam a durar um ano nas prateleiras.
Marcos Leta não fala de nenhum dado a respeito de faturamento, lucro, crescimento, empregos diretos e indiretos. E fornecedores também não são revelados. No máximo o site indica que a laranja, por exemplo, vem da fazenda do senhor Francesco, no interior de São Paulo. "Só posso dizer que estamos crescendo muito."
A dica para quem deseja empreender como Marcos Leta é saber que vai errar e acordar todo o dia com a ideia determinada desde o início. "Nossa meta é ser a empresa predileta de bebidas naturais do Brasil e mudar o setor."
O professor de gestão de marcas Marcos Bedendo, da ESPM, diz que a linguagem lúdica e de um produto feito entre amigos passa ao consumidor a "sensação de afetividade e de algo mais forte, que não existe só por dinheiro."
Identidade visual das caixas de suco remete à mensagem que a empresa espera passar
Veículo: Diário do Comércio - MG