O processo de reconhecimento da cachaça nos Estados Unidos como um produto típico e exclusivo do Brasil teve início, oficialmente, com assinatura de cartas de intenções entre os dois países na segunda-feira passada.
As cartas foram assinadas pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e o representante de comércio do Estados Unidos, Ron Kirk. Como contrapartida ao reconhecimento da cachaça, o Brasil reconhecerá como produtos distintos dos Estados Unidos os uísques do tipo bourbon e tenessee.
Além de garantir que a cachaça é uma bebida típica e exclusiva do Brasil, o reconhecimento vai permitir às empresas brasileiras venderem o seu destilado nos Estados Unidos apenas com a denominação "cachaça" e impedirá o uso da denominação por empresas de outros países.
Como a classificação de bebidas nos Estados Unidos baseia-se na matéria-prima de origem e o rum e a cachaça são produzidos a partir da cana-de-açúcar, o rótulo das garrafas da bebida brasileira, desde 2000, deveriam conter a expressão "Brazilian Rum" (rum brasileiro), sem permitir a diferenciação dos dois destilados, dificultando o marketing do produto brasileiro. " um desfecho importante para os dois países de uma negociação que se prolongou nos últimos dez anos", disse Pimentel durante o evento, ocorrido em Washington.
De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Cesár Rosa, entidade de classe nacional, que representa cerca de 80% do volume produzido e comercializada legalmente no Brasil e que coordenou as negociações do lado privado, "a assinatura das cartas é um momento histórico para a cachaça e para o Brasil e é o resultado dos esforços conjuntos entre o governo brasileiro e a iniciativa privada".
Negociações - Os diálogos entre os Estados Unidos e o Brasil envolvendo a cachaça não são recentes, visto que há mais de 40 anos a bebida faz parte de tratativas entre os dois países. No entanto, esses diálogos se intensificaram na última década, após a obrigação da inclusão da expressão "Brazilian Rum" nos rótulos das cachaças brasileiras.
As discussões sobre o tema têm sido lideradas pelos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), pelo Itamaraty e pelo Ibrac.
As exportações de cachaça para os Estados Unidos estão aquém do potencial de mercado e estima-se que apenas 1% do volume produzido é exportado. No ano passado os embarques movimentaram cerca de US$ 17 milhões. Desse total, appens US$ 1,8 milhão, pouco mais de 10%, foi vendido para os Estados Unidos.
Com o reconhecimento da cachaça, o presidente da Abrac acredita que as empresas aumentarão seus investimentos no mercado americano, o que poderá representar um bom aumento nas exportações.
Veículo: Diário do Comércio - MG