Ambev compra 51% de cervejaria do Caribe

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A Ambev anunciou ontem a compra de 51% da Cervecería Nacional Dominicana (CND) por US$ 1,2 bilhão. A empresa está desembolsando US$ 1 bilhão por 41,76% da CDN que pertencem à E. León Jimenes (ELJ) e outros US$ 237 milhões por 9,3% da Heineken. Juntas, Ambev e ELJ formarão a maior empresa de bebidas do Caribe, a Tenedora CND, com 100% da Ambev Dominicana, além das operações de produção de cerveja, malte e refrigerantes da CND em Santo Domingo, Dominica e São Vicente e exportações para 16 países no Caribe, Estados Unidos e Europa.

A Ambev precisa tornar sua operação na América Latina Hispânica (El Salvador, Equador, Guatemala, Nicarágua, Peru e República Dominicana) mais rentável. No ano passado, a receita na região cresceu 17,8% sobre 2010, para R$ 515 milhões, puxada por aumento de 9,7% em volume (para 6,37 milhões de hectolitros) e por preços mais altos. No entanto, o custo dos produtos vendidos aumentou 13,2%, para R$ 326 milhões, e o ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ficou negativo em R$ 24,5 milhões - em 2010, terminou negativo em R$ 55,7 milhões.

O ebitda combinado da Tenedora CND para os primeiros 12 meses deve ficar em US$ 190 milhões (R$ 351 milhões), com múltiplo de 13 vezes o valor da empresa, segundo projeções divulgadas ontem pela Ambev. A CND vendeu 4 milhões de hectolitros em 2011.

A Ambev planeja fortalecer a marca Presidente, principal rótulo da CND, aumentando sua distribuição principalmente nos Estados Unidos, onde já conta com os canais da AB Inbev. "A Presidente é um dos ativos mais importantes da aquisição", diz Milton Seligman, diretor de relações corporativas da Ambev. "Com a nossa plataforma, temos perspectiva de internacionalizar essa marca", acrescenta.

Seligman conta que a verba usada na aquisição vai sair do caixa da Ambev. O valor corresponde ao segundo maior investimento da Ambev este ano, atrás apenas do que deve ser aportado na operação brasileira (R$ 2,6 bilhões).

A Ambev está na República Dominicana desde 2004, quando comprou uma engarrafadora da Pepsi. Seu portfólio no país inclui marcas como Brahma, Stella Artois e Budweiser. Nelson José Jamel, diretor financeiro e de relações com investidores da Ambev, diz que já fazia parte da estratégia "crescer e atingir a rentabilidade".

O acordo entre Ambev e E. León Jimenes foi assinado no sábado, no escritório do grupo León Jimenes, em Santo Domingo, capital da República Dominicana. Além de Pedro Mariani, diretor jurídico da Ambev, estavam presentes Alexandre Médicis, que será o diretor-geral da nova companhia, e João Castro Neves, diretor-geral da Ambev.

Na véspera, Neves viajou à República Dominicana para encontrar a família Léon, proprietária da Cervecería e controladora do grupo. Eles acertaram os últimos detalhes do negócio - que estava sendo discutido há cerca de um ano - durante um almoço. Franklin León, que presidia a CND, continuará como presidente da nova companhia. O novo diretor-geral, Alexandre Médicis, entrou na Ambev em 2005 para integrar a equipe de fusões e aquisições e tornou-se diretor de negócios da América Latina Hispânica no fim de 2010.

A Ambev vai consolidar os resultados da CND. A empresa terá cinco membros no conselho de administração da holding e a família León, outros quatro. A compra da fatia da Heineken será efetivada quando o negócio com a família León for concluído - a expectativa da Ambev é que isso aconteça no segundo trimestre deste ano, depois da aprovação dos órgãos regulatórios. Em nota, a Heineken informou que, com a venda, espera realizar ganho contábil pós-impostos de €130 milhões.


Veículo: Valor Econômico




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