O império da cachaça se rende à vodca

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Receita da Ypióca para se manter há 166 anos no mercado é a diversificação



De dose em dose, a Ypióca se tornou referência no mercado brasileiro de cachaças. Com 166 anos e o título de empresa mais antiga do país, a companhia cearense aposta na diversificação de negócios. Entre uma cachaça e outra, a família Telles se dedica a agropecuária, transportes, tem um parque de diversão e se arrisca até mesmo na área médica, ao patrocinar pesquisas em busca da cura para o câncer e a aids.

Mas desta vez, a aposta da Ypióca está em um segmento novo: o império da cachaça se rendeu à vodca. A Hypnose surge com a meta de incrementar o faturamento do grupo em 10% para chegar aos R$ 330 milhões ainda este ano. Há três anos a companhia trabalha para inserir o produto destinado ao público jovem no portfólio e cerca de R$ 1 milhão foi investido na empreitada. “Eu não provei o resultado final, mas tenho certeza que o produto é bom”, diz Everardo Telles, diretor-presidente da Ypióca.

Apesar de comandar a companhia, o executivo diz que não consome bebidas alcoólicas. “É como dizem: em casa de ferreiro o espeto é de pau”, brinca Telles, afirmando que acredita no trabalho da equipe. Trinta mil litros da Hypnose são produzidos diariamente na fábrica de Ceará Mirim (RN) e engarrafados em Fortaleza (CE). Desde o início deste mês, a vodca é comercializada no Norte e Nordeste, mas, até meados de maio os estabelecimentos de todo país já devem ter o produto nas prateleiras.

Segundo Telles, há capacidade para triplicar a fabricação. “Se a demanda for alta, vamos ampliar os números. Somente na primeira semana de vendas da Hypnose no Ceará, 90 mil garrafas da bebida foram comercializadas”, diz. Além da tradição da Ypióca, Telles acredita que o preço da vodca também vai impulsionar as vendas. Cada garrafa deum litro é vendida a cerca de R$ 12, valor bem abaixo das concorrentes.

Ao menos inicialmente a Hypnose não será exportada. Porém, a remessa de produtos ao exterior deve aumentar agora que a cachaça foi reconhecida pelos Estados Unidos como um produto brasileiro. Atualmente 5% da produção é exportada. Para este ano, a meta é fabricar cerca de 70 milhões de litros de cachaça, alta de 15% em relação a 2011.

Saúde com cachaça

Para Telles os negócios fora do país são importantes, mas sua verdadeira paixão é nacional. O executivo de 69 anos faz parte da quarta geração da empresa e cultiva um carinho especial pela área médica. Em 2003 a holding da família Telles criou a Amazônia Fitomedicamentos, empresa que faz parcerias com faculdades para desenvolver medicamentos com base em plantas amazônicas com potencial para curar o câncer e até mesmo a aids . “Quero deixar minha contribuição”, diz o executivo que já trabalha com seis filhos e pretende se aposentar em breve.

Diageo ronda a empresa cearense

Everardo Telles, diretor-presidente da Ypióca, desconversa quando o assunto é a possível venda de parte da companhia de bebidas. Questionado sobre a possibilidade de dividir o comando da empresa, o executivo não confirmanemnega interesse de concorrentes. “O contrato de sigilo meimpede de falar”, diz o executivo dando pistas sobre uma possível negociação em andamento. Com resultados positivos e grande aceitação no mercado brasileiro, a Ypióca pode ser alvo de grandes companhias multinacionais.

Uma das possíveis interessadas seria a Diageo. A empresa inglesa detém marcas como o uísque escocês Johnnie Walker, a vodca Smirnoff e o rum Captain Morgan. Jornais cearenses afirmam que os executivos ingleses da Diageo já estiveram no estado diversas vezes, mas Telles não confirma a informação. O último encontro teria sido no fim do mês passado. Caso o negócio seja concretizado, a Diageo teria sob custódia cerca de 10% do mercado brasileiro de cachaças.

 

Veículo: Brasil Econômico


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