O reconhecimento da cachaça como bebida exclusivamente brasileira pelos EUA abre grandes perspetivas para o País no mercado externo. A afirmação é da sócia-diretora da Indústria de Bebidas Pirassununga, Carolina Steagall de Tommaso Harley. "Finalmente vejo luz no fim do túnel, após uma luta de 20 anos", diz a executiva.
Há 90 anos no mercado, a companhia tem atuado ativamente, através do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), no sentido de valorizar a cachaça no Brasil e no mundo.
Com a viagem da presidente Dilma Rousseff aos EUA, foi assinada em Washington carta de intenções entre o representante do Comércio norte-americano, Ron Kirk, e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Fernando Pimentel. Em contrapartida, o Brasil reconheceu o Bourbon e o Tennessee Whiskey como produtos americanos.
A executiva afirma que o setor vem conquistando vitórias sucessivas, desde que, em 2001, a cachaça foi reconhecida como produto exclusivamente brasileiro através de decreto assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Dois anos depois, foi a vez da caipirinha de ser decretada por Lula a bebida oficial do Brasil.
Agora, finalmente, é concreta a possibilidade de a cachaça ser identificada e vendida nos EUA sob o nome 'cachaça', não mais como uma variedade de rum. Isso porque, sem uma categoria própria, a cachaça era classificada junto com outros destilados e, posteriormente, como rum. Tanto o rum como a cachaça são produzidos a partir da cana-de-açúcar, mas desde 2000 é obrigatório naquele país constar no rótulo da bebida brasileira a expressão Brazilian Rum, nivelando assim como similares os dois destilados.
"Não se sabe quanto teremos de esperar ainda até a assinatura do acordo comercial e o efetivo reconhecimento. Mas o fato positivo é que o processo foi enfim iniciado", diz a executiva, destacando ainda que, uma vez assinado o acordo, passará a ser proibido nos EUA o uso da denominação cachaça para destilados de cana de açúcar produzidas em outros países. E sendo os Estados Unidos um dos maiores mercados consumidores de bebida no mundo, a decisão americana certamente terá reflexo em outros países.
Uma vez assinado, o acordo vai abrir grandes perspetivas de mercado para os produtos da companhia. "Essas possibilidades são muito boas para todas as nossas marcas. Principalmente para linhas de preço mais acessível, como Pirassununga, Villa Velha e Janaína, mas também para a Cachaça Cambraia, nossa marca extrapremium, produto com alto valor agregado", afirma. A Cambraia 5 anos, lançada no final do ano passado, chegou ao mercado já premiada com a medalha de ouro de degustação e de embalagem entre cachaças envelhecidas por mais de três anos.
Veículo: DCI