Tampinha da garrafa de PET encolhe e Coca-Cola economiza

Leia em 3min 30s

Em tempos de crise, projetos de sustentabilidade vão para a gaveta, certo? Para o Sistema Coca-Cola Brasil, não. O grupo, que reúne 16 fabricantes de refrigerantes, está reduzindo o tamanho das tampinhas das garrafas de 600 ml para economizar PET (poli tereftalato de etileno glicol). A ação, que à primeira vista parece estar só no campo da sustentabilidade, vai gerar muita economia para empresa. "Para nós, economia é um dos principais princípios da sustentabilidade", diz José Mauro de Moraes, diretor de assuntos regulatórios e de meio ambiente da companhia no Brasil. 

 

A redução da tampa, que vai ficar mais baixinha, também ajuda a diminui o bocal da garrafa, parte em que o PET é mais concentrado em relação ao restante do vasilhame. Com isso, a garrafa de 600 mil, que pesa 28 gramas, ficará 2 gramas mais leve. "A economia é de meio centavo por garrafa", diz Moraes. 

 

Essa cifra ínfima (seria, por exemplo, necessário juntar a economia de uma centena de garrafas para comprar uma esfiha de R$ 0,50) refletidos nos números do Sistema Coca-Cola ganham expressão. Uma vez que o grupo tem 40% do mercado nacional de refrigerantes em volume (10 bilhões de litros ao ano) e que, conforme estima-se no setor, as garrafas de 600 ml representam 5% desse total, estaríamos falando de algo em torno de 500 milhões de garrafinhas por ano. A economia anual seria de cerca de R$ 2,5 milhões, segundo um especialista do setor de bebidas. O valor não é confirmado pela Coca-Cola. 


 
As novas tampinhas, segundo Moraes, chegam ao mercado no primeiro trimestre de 2009. A meta, ainda sem data definida, é estender a idéia também a garrafas maiores, uma vez que 80% do mercado é formado por embalagens de 2 litros. A Coca-Cola não informou quanto está investindo na mudança, já que a idéia implica na mudança e adaptação de equipamentos. 

 

"Já há alguns anos estamos reduzindo o uso do PET em nossas garrafas", diz Moraes. "Quem tem mais de 20 anos pode até se lembrar de como eram as PET no início: havia uma base preta de plástico para equilibrar a garrafa. Com o tempo, fomos desenvolvendo a tecnologia para economizar mais e poluir menos." 

 

No último ano, segundo a empresa, o peso da embalagem de 2 litros foi reduzido em 8% e o da de 600 ml em 22%. Somando essas mudanças com o projeto da tampinha, e incluindo as garrafas maiores, a redução total chega a 13 mil toneladas por ano de PET, ou o equivalente à não fabricação de 270 milhões de embalagens de 2 litros no mesmo período. "Para cada 1 milhão de garrafas PET não produzidas, menos 10 toneladas de resina são usadas, e 75 toneladas de gás carbônico deixam de poluir a atmosfera." 

 

No varejo, a empresa, responsável pela distribuição de refrigerantes, sucos e outras bebidas em mais de 1 milhão de pontos de vendas em todo país, está iniciando outro projeto, também para economizar. Está instalando um aparelho que racionaliza o uso de energia nas suas geladeiras instaladas em bares e supermercados. Conforme o número de vezes que a geladeira é aberta, o aparelho calcula em que horas deve puxar mais energia e quando pode ficar no "modo econômico". Assim, o consumo cai até 35%. Cada aparelho custa cerca de R$ 200 e será instalado gradualmente em todas as cerca de 450 mil geladeiras que a empresa tem. O dono do bar ou do supermercado não paga nada. Mas sua conta de luz cai. "Todas as geladeiras com capacidade para mais de 250 litros terão o aparelho ainda este ano", diz ele. 

 

Além disso, a empresa mantém o plano de construir no ano que vem a sétima fábrica da Coca-Cola no mundo de embalagens a partir da reciclagem de PET. A planta terá capacidade para 25 mil toneladas ao ano e deve custar R$ 25 milhões. "O dinheiro virá 100% de investidores parceiros", diz Moraes. 

 

Veículo: Valor Econômico


Veja também

Nobre, de Brusque, disputa mercado de água nos EUA

A empresa de água mineral Nobre, localizada em Brusque (SC), está iniciando exportações para...

Veja mais
Imposto de bebidas

O presidente Luis Inácio Lula da Silva sancionou na sexta-feira 22 a Lei nº. 11.827, que altera a tributa&cc...

Veja mais
Vinho - Sem interpretações ao sul do Equador

Os trabalhos visando o lançamento do guia Descorchados América do Sul 2009, reunindo boa parte dos vinhos ...

Veja mais
ABInBev lança ações para pagar dívida

A Anheuser-Busch InBev (ABInBev), formada na semana passada com a fusão das maiores cervejarias da Europa e das A...

Veja mais
Indústria aguarda regulamentação de lei

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei nº. 11.827, que altera o sistema de cobrança d...

Veja mais
Bebida com alterações no IPI e Cofins

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou ontem a Lei 11.827 que altera a fórmula de cálculo...

Veja mais
Skol em novo formato

  Veículo: Revista Isto É Dinheiro...

Veja mais
A maior do mundo

Por US$ 52 bilhões, a belgo-brasileira InBev compra a Budweiser e passa a controlar 25% do mercado  Agora &...

Veja mais
Black power

                Veículo: Valor Econômico...

Veja mais