Dólar ajuda espumante nacional a ganhar mercado em tempos difíceis

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A julgar pelas expectativas das vinícolas, a desaceleração da economia não vai impedir que os brasileiros comemorem o Natal e a virada de ano com generosas doses de espumante nacional. O produto, que ao contrário dos vinhos já bate com folga os concorrentes importados, pode até se beneficiar do aumento da cotação do dólar e ganhar pontos extras de participação de mercado, diz o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Henrique Benedetti.

 

De acordo com ele, as vendas domésticas de espumantes devem chegar ao recorde de 13 milhões a 13,5 milhões de litros, ante 11,8 milhões de litros no ano passado. De janeiro a setembro o volume já cresceu 16,6% em comparação com o mesmo período de 2007, para 6,3 milhões de litros, e o último trimestre corresponde a 45% a 50% das vendas do ano. "Os consumidores não vão deixar de comemorar por causa da crise", afirma o presidente da entidade. 

 

Para Benedetti, a participação do produto nacional nas vendas totais de espumantes pode chegar a 80% ou 85% do mercado neste ano, ante 72,5% em 2007. Além da "consolidação" da imagem do espumante brasileiro e da boa relação entre preço e qualidade, a alta do dólar vai ajudar a conter a venda de importados principalmente nas pequenas lojas e distribuidoras, que compram em menores volumes. Os grandes supermercados, disse, anteciparam as encomendas para agosto para escapar do aumento do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) que estava programado para setembro e acabou postergado para janeiro. 

 

A Miolo, de Bento Gonçalves (RS), vai encerrar o ano com vendas recordes de 2,1 milhões de garrafas de espumantes, com alta de 20% sobre 2007, informou o diretor nacional de vendas, Márcio Bonilha. O volume corresponde a 40% do total dos negócios da empresa (o restante corresponde aos vinhos finos), que está operando num ritmo de 60% da capacidade instalada depois de investir perto de R$ 8 milhões em ampliação e modernização das instalações em 2008. Segundo Bonilha, o setor vem escapando da crise porque trabalha com produtos de valor bem mais baixo em relação aos bens duráveis, que são os mais afetados. As vendas para o Natal já foram encerradas e serão entregues até 15 de dezembro. Depois, nos dias 26 e 27, ainda deverão entrar encomendas para a virada do ano. 

 

Na Vinícola Perini, com sede em Farroupilha (RS), o ano também será de recorde, com quase 600 mil garrafas de espumantes da marca própria vendidas, ante 390 mil em 2007. De acordo com o diretor comercial Franco Perini, boa parte desse crescimento se explica pela decisão da empresa de manter os preços inalterados há cerca de três anos, sem comprometer a qualidade do produto. 

 

A Perini também trabalhou no máximo da capacidade instalada em 2008 e mesmo com as incertezas sobre o desempenho da economia em 2009 o plano é triplicar a produção nos próximos três anos. O diretor não revelou o volume de investimentos programados, mas disse que eles vão incluir desde novos equipamentos como autoclaves para a elaboração do espumante tipo "charmat" até o plantio de novos vinhedos para assegurar o suprimento de matérias-primas. "Em 2009 já pretendemos ampliar a capacidade em 30% e acreditamos que o mercado vai absorver a expansão." 

 

A Vinícola Salton, que lidera o mercado desde 2004 e tem hoje 40% do mercado de nacionais, vendeu até setembro passado, segundo a Univibra, 1,3 milhão de litros e pretende chegar ao final de dezembro com um total anual de 4,6 milhões de garrafas de 750 ml (ou 3,5 milhões de litros). "Entre setembro e outubro, os varejistas fizeram compras modestas, com medo da crise", diz Angelo Salton Neto, presidente da empresa, com sede em São Paulo. "Ao ver que os consumidores não deixaram de comprar, os supermercados decidiram rever seus pedidos e agora em dezembro vamos ter muita reposição de estoque", explica. Os espumantes representam 28% do faturamento global da Salton, que este ano deve chegar a R$ 200 milhões. 

 

Para 2009, a expectativa é fazer a parcela da bebida festiva chegar a um terço das vendas, que por sua vez devem, nos cálculos otimistas de Salton, crescer 25%.

 

Veículo: Valor Econômico 


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