A indústria é nova mas já supera os italianos

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Vinho ou espumante? Na hora de fazer essa escolha, ultimamente o consumidor tem preferido o segundo, com base na crença de que os espumantes nacionais estão entre os melhores do mundo e têm, em comparação com o vinho, muito mais qualidade. "Não é bem assim", diz o enólogo Manoel Beato. "Temos tanto vinhos quanto espumantes com o mesmo padrão de qualidade, em pé de igualdade." 

 

Na América Latina, segundo Beato, não há concorrentes para os espumantes brasileiros, nem mesmo entre os produzidos na Argentina. "E com certeza também são melhores que os 'proseccos' italianos vendidos aqui", afirma o especialista. "Mas de maneira nenhuma os espumantes nacionais chegam a ser melhores que as cavas espanholas e as tradicionais champanhes francesas", acrescenta. 

 

Jorge Lucky, colunista de vinhos do Valor concorda e explica: o que faz a diferença é a tradição. "A indústria nacional começou a dar mais foco para os espumantes em 2000, ou seja, há menos de dez anos. Na Espanha e na França, eles fazem isso há centenas de anos." É claro que o clima e o solo também interferem. "É por isso que nunca ninguém produzirá espumantes melhores que os da região de Champagne, na França." Mas com certeza, segundo ele, a indústria nacional tem condições de fazer um produto de qualidade e pode melhorar ainda mais. 

 

Para isso, a Vinícola Salton investiu este ano R$ 2 milhões em novos equipamentos e em tecnologia para aprimorar sua produção. "Com a alta do dólar e o nível de qualidade que alcançamos, o brasileiro irá consumir cada vez mais espumantes", diz o presidente, Angelo Salton Neto. 

 

Para incentivar cada vez mais esse novo hábito, a empresa está investindo R$ 700 mil em uma campanha para incluir quiosques de praia, hotéis e resorts do litoral Norte paulista, do Rio de Janeiro e do Nordeste entre os pontos de venda da bebida. 

 

"Queremos que as pessoas passem a tomar um espumante bem gelado à beira mar em vez de pedir uma caipirinha ou uma cerveja", diz o empresário. Para tanto, a campanha inclui a distribuição de geladeiras, baldes e tacinhas de plástico, além de treinamento de atendentes para servir o público nas praias. "Ao longo dos anos, nossa concentração de faturamento nas festas de fim de ano vem caindo", diz Salton. "Mas com essa campanha queremos ter o melhor janeiro de nossa história", acrescenta ele, lembrando que a vinícola foi fundada em 1910. 

 

Veículo: Valor Econômico


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