O processo em que os produtores nacionais de vinho pedem salvaguardas (barreiras) contra a importação da bebida está suspenso à espera de um acordo que vem sendo negociado no setor, informou ao Valor o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. "É uma negociação do setor privado, estamos olhando de longe", comentou.
Segundo apurou o Valor com o setor privado, os produtores nacionais tentam fixar, com importadores, especialmente as grandes cadeias de varejo, preços mínimos para a compra de vinho estrangeiro. O modelo é o acordo feito com os vinicultores argentinos, que aceitaram limitar informalmente o preço dos importados, a, no mínimo, US$ 8 por caixa de 12 garrafas. Com a valorização do real, os produtores tentam elevar o piso mínimo para US$ 24 por caixa de 12 garrafas.
"É muito interessante o que importadores, produtores e revendas estão fazendo", disse o ministro do Desenvolvimento. "Estão se acertando para achar caminho que, em princípio, consiga equacionar problema do vinho nacional sem prejuízo à atividade importação."
A negociação tem sido difícil, e os produtores nacionais admitem abrir mão do processo de salvaguardas, preocupados com a má repercussão da medida entre consumidores e grandes compradores como restaurantes, que ameaçaram boicote ao vinho nacional. Segundo antecipou o Valor, em agosto, o parecer preliminar dos especialistas do Ministério do Desenvolvimento desaconselha a medida, que poderia ser contestada na Organização Mundial do Comércio (OMC).
A adoção de um acordo de cavalheiros, sem cotas, mas com preços mínimos, reduziria o risco de prejuízos ao setor, no Brasil, sem impedir que os importados aproveitassem também o crescimento do mercado consumidor, argumentam os produtores. O processo com o pedido de salvaguardas contra o vinho importado foi aberto em março e, se seguisse o ritmo tradicional nesses casos, teria sido concluído em agosto. A Organização Mundial do Comércio não estabelece um prazo para esse tipo de medida de defesa comercial, porém.
Veículo: Valor Econômico