Krug Bier produziu 2,2 milhões de litros entre cerveja e chope no ano passado
A cidade de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), tem tudo para se tornar um polo cervejeiro. O município aprovou recentemente uma lei que permite artesania em áreas residenciais, ou seja, cervejeiros artesanais e outros artesãos instalados na cidade podem agora se formalizar e continuar trabalhando em casa. Com isso, novas cervejarias estão surgindo na cidade, que hoje já possui três empresas do ramo.
O diretor do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas de Minas Gerais (Sindbebidas) e presidente do Conselho Deliberativo da Associação dos Cervejeiros Artesanais de Minas Gerais (Acerva Mineira), Marco Falcone, explica que a fabricação de cervejas artesanais é um hobbie para muitas pessoas. "Nova Lima concentra uma grande quantidade de produtores de cerveja que vão acabar se formalizando com a nova lei. Antes, as cervejarias eram obrigadas a se instalar na área industrial da cidade, e isso acabava inibindo os fabricantes", observa.
De acordo com Falcone, já existem três cervejarias instaladas na cidade. Uma delas é a Krug Bier, que funciona em Nova Lima desde 2005, quando se mudou do bairro Belvedere, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, para o bairro Jardim Canadá. As outras duas, Knd Bier e Taberna do Vale, surgiram a partir de produções caseiras. "Elas pertencem a empreendedores que fabricavam em casa e acabaram se formalizando", afirma.
A fim de estimular a nova potencialidade turística da cidade, a Prefeitura de Nova Lima aprovou uma lei para a criação do Programa Municipal de Desenvolvimento da Produção Artesanal e Orgânica Associada ao Turismo - Pro-artesão. A intenção é que a produção artesanal e orgânica de cerveja em áreas urbanas do município, desde que certificada, não sofra restrições quanto ao local de fabricação, liberando a comercialização da bebida.
Com a nova lei, os fabricantes artesanais conseguem o alvará de funcionamento com a prefeitura sem precisar instalar uma fábrica na área industrial da cidade, e isso facilita na hora de pedir o alvará do Ministério da Agricultura. Ainda segundo Falcone, mais uma cervejaria está se instalando no município e deve ser inaugurada ainda neste semestre. Trata-se da Cervejaria Inconfidentes. Ele calcula que cerca de dez produtores caseiros ainda vão se formalizar na cidade.
Falcone destaca ainda que a Prefeitura de Nova Lima tem realizado eventos para promover o setor de cervejas artesanais. Em outubro do ano passado aconteceu na cidade o Uaiktober Fest. O evento reuniu 21 microcervejarias locais, nacionais e internacionais e recebeu cerca de 15 mil visitantes. Foram consumidos cerca de 8 mil litros de cerveja, gerando R$ 200 mil em negócios.
Falke - Mesmo com um mercado favorável para o setor, Nova Lima acabou perdendo um investimento de cerca de R$ 700 mil. Falcone, que também é sócio-cervejeiro da Falke Beer, afirma que pretendia mudar sua fábrica de Ribeirão das Neves, na RMBH, para o município, mas que a negociação com a prefeitura não foi adiante. "Nós desistimos de levar a Falke para lá porque fomos ‘embromados’ pelo prefeito. Ele não chegou nem a nos receber, então resolvemos adquirir alguns lotes em Ribeirão das Neves, para expandir onde já estamos", explica.
A capacidade produtiva da Falke vai subir de 10 mil para 60 mil litros de cerveja por mês. Todo o projeto já foi aprovado pelos órgãos regulamentadores e as obras já foram iniciadas. A previsão é que a expansão seja concluída até o fim deste semestre.
Segundo Falcone, cerca de 80 cervejeiros caseiros, ou homebrews, como são conhecidos, estão instalados em Minas Gerais hoje. Microcervejarias com registro no Ministério da Agricultura são 18 no Estado. Ele afirma que o mercado de cervejas artesanais tem crescido cerca de 20% ao ano desde 2005. Em 2012, foi esse o índice registrado com relação ao exercício imediatamente anterior, e para 2013 a expectativa também é de crescimento nesses patanar em comparação com o ano passado.
"A nossa perspectiva é tornar Minas Gerais o maior Estado em número de cervejarias. Já somos reconhecidos internacionalmente pelas atitudes inovadoras, mas queremos ainda mais", afirma.
Veículo: Diário do Comércio - MG