A fabricante de bebidas Brown-Forman, dona do uísque Jack Daniel's, fechou contrato de exclusividade para distribuição da cachaça premium Santa Dose no Brasil, conforme antecipou ontem o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. As empresas não comentam a informação.
O contrato, apurou o Valor, dá à multinacional americana opção de compra da marca brasileira ao fim do contrato de exclusividade na distribuição, que vai de 1º de fevereiro de 2013 a abril de 2014. No período, a Brown-Forman vai fazer uma "due diligence" na Santa Dose, de acordo com uma pessoa a par do assunto.
A Santa Dose faturou em 2012 cerca de R$ 3,5 milhões, 75% a mais do que em 2011. A marca foi criada em 2009. A Brown-Forman, que tem capital aberto na Bolsa de Nova York, teve receita líquida de US$ 3,6 bilhões no ano fiscal encerrado em 30 de abril de 2012.
A negociação entre a multinacional e a cachaçaria durou quase um ano. A operação tem o aval da matriz, em Louisville, no Kentucky. Na sexta-feira, executivos do alto escalão da Brown-Forman vieram a São Paulo para a assinatura do contrato.
O comando da empresa 14c Investimentos de Bebidas, dona da Santa Dose, vai continuar no dia-a-dia da operação. Em entrevista ao Valor no ano passado, o diretor da Santa Dose, Bruno Siqueira, disse que estava investindo em uma segunda fábrica, em Jarinu (SP) e que uma das metas era ampliar a exportação para o mercado americano. A primeira unidade fica em Pernambuco.
O negócio com a Brown-Forman não inclui os ativos, mas marca e fórmula, o que permite à multinacional fabricar a bebida em outra destilaria, ou manter os atuais fornecedores.
A investida é a segunda de uma multinacional no setor de cachaça em menos de um ano. Em maio de 2012, a britânica Diageo - dona do uísque Johnnie Walker e da vodca Smirnoff - comprou a Ypióca por US$ 469 milhões.
Para Vicente Bastos Ribeiro, presidente do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), empresas estrangeiras miram o mercado brasileiro devido aos grandes eventos esportivos que o país vai sediar - Copa do Mundo, em 2014, e Olimpíada em 2016. Ele diz que não há um levantamento de quanto o setor fatura, pois a maioria das cachaçarias são empresas familiares.
Veículo: Valor Econômico