No ano passado, 25 novas marcas obtiveram o selo emitido pelo IMA.
O número de produtores que investe na certificação da cachaça artesanal de alambique é crescente em Minas Gerais. De acordo com dados do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), órgão responsável pela concessão da certificação, ao todo são 251 marcas já certificadas. No ano passado, 25 novas marcas obtiveram o selo e a expectativa é que pelo menos 30 marcas consigam o título ao longo de 2013.
Já em relação ao número de estabelecimentos produtores certificados, a estimativa é que o número aumente em torno de 10% neste ano. Atualmente, o Estado possui 182 estabelecimentos devidamente certificados.
De acordo com o coordenador da Câmara Técnica da Cachaça Artesanal de Alambique do Conselho Estadual de Política Agrícola da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e presidente da Associação Mineira dos Produtores de Cachaça de Qualidade (Ampaq), Trajano Raul Ladeira de Lima, a certificação além de atestar a qualidade da cachaça, ainda agrega valor ao produto.
"Para expandir mercados e dar valor, é preciso que a bebida seja certificada. O selo do IMA atesta a qualidade, o processo produtivo sustentável e faz o reconhecimento como cachaça artesanal do Minas Gerais, o que é muito valorizado no mercado nacional devido à tradição do Estado", disse Ladeira.
Ainda de acordo o presidente da Ampaq, a tendência é que a cada ano aumente o número de certificações no Estado, pelos projetos que serão desenvolvidos pela Ampaq em parceria com o governo de Minas Gerais.
Entre as iniciativas projetadas para estimular a legalização das marcas está a interiorização da Ampaq. O objetivo é instalar escritórios nas principais regiões produtoras de cachaça de alambique, levando mais informações e divulgando as novas tecnologias para o setor, mas preservando a tradição. Também serão realizados seminários para capacitar e atualizar os produtores.
Simples - Outro fator que poderá estimular a legalização das unidades é a possibilidade de inclusão da bebida no sistema Simples Nacional, onde os impostos cobrados são diferenciados dependendo do porte das empresas. Esta é uma das principais reivindicações do setor que será discutida com o governo em 2013.
De acordo com as informações do IMA, o programa de certificação é de adesão voluntária, sendo voltado para produtos agropecuários e agroindustriais. No caso da cachaça, é destinado para a produção artesanal, que utiliza o fermento natural com a destilação em alambique de cobre.
No momento de requerer a certificação, o produtor pode optar por um dos três sistemas produtivos da cana: o sistema orgânico, o sem agrotóxicos e o sistema tradicional. No primeiro, a cana deve ser cultivada sem agrotóxicos e adubos químicos. No segundo, não pode haver aplicação de agrotóxicos, porém o uso do adubo químico é permitido. No tradicional é permitido o uso de agrotóxicos e adubos químicos indicados para esta cultura dentro dos parâmetros agronômicos prescritos.
O selo de certificação é concedido de acordo com o processo de produção das cachaçarias, atendendo os procedimentos de boas práticas de fabricação, adequação social e responsabilidade ambiental. Esses estabelecimentos passam a ter direito ao uso do certificado, da marca de conformidade e dos selos de certificação oficiais do Estado de Minas Gerais, que são divulgados nos rótulos das garrafas.
"As cachaças certificadas pelo IMA são acompanhadas periodicamente, o que é fundamental para que a qualidade continue superior, assim como o processo produtivo dentro dos padrões exigidos", disse Ladeira.
O IMA é credenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) como Organismo de Certificação de Produtos (OCP) para cachaça e como Organismo Avaliador da Conformidade para Produtos Orgânicos, condição que permite o processo de certificação de produtos agropecuários.
Mapa - Ainda neste ano, será feito, em parceria entre a Ampaq e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), um mapeamento da produção de cachaça artesanal no Estado. Segundo Ladeira, serão identificados dados fundamentais para a criação de políticas públicas para a cadeia produtiva, como o número real de produtores, volume produzido e as condições dos alambiques instalados em Minas, sendo legalizados ou não.
"Com este levantamento, teremos informações atualizadas e mais realistas sobre o cenário da cachaça de alambique em Minas Gerais. O mapeamento irá contribuir para que as demandas reais sejam identificadas e para que as políticas públicas realmente venham atender à demanda dos produtores", disse Lacerda.
Veículo: Diário do Comércio - MG