Formada a partir da fusão de cinco pequenas cooperativas em 2010, a Vinícola Nova Aliança concluirá em julho a instalação de uma nova unidade industrial para a elaboração de suco de uva e engarrafamento de vinhos e espumantes em Flores da Cunha, na Serra Gaúcha. Com a nova planta, a capacidade de produção da cooperativa passará dos 28 milhões para 46 milhões de litros por ano na soma de todas as linhas até 2016, informou o presidente Alceu Dalle Molle.
Em 2012, a Nova Aliança processou 34 mil toneladas de uvas das 800 famílias associadas, que se distribuem entre a serra e a zona sul do Estado. Com a matéria-prima, elaborou 26 milhões de litros, sendo 50% suco de uva, 40% de vinhos de mesa engarrafados e a granel e 10% de vinhos finos e espumantes, e faturou R$ 72 milhões. Para 2015, a meta é alcançar a receita de R$ 130 milhões. Os principais mercados da cooperativa são os três Estados do Sul, São Paulo e Minas Gerais.
Conforme Dalle Molle, a nova planta vai permitir a reestruturação do parque industrial herdado das cinco cooperativas fundadoras, a Aliança e a São Victor, de Caxias do Sul, a São Pedro e a Santo Antônio, de Flores da Cunha, e a Linha Jacinto, de Farroupilha, todas na região serrana. Hoje são dez unidades de processamento de uvas, mas só as de Santana do Livramento - adquirida pela Aliança em 2005 no sul do Estado - e Farroupilha continuarão fazendo vinhos finos, de mesa e base para espumantes, que serão envasados na nova unidade.
As demais terão as linhas de processamento desativadas. A maior parte delas será utilizada por mais alguns anos como área de estocagem de matérias-primas, enquanto as plantas de Caxias do Sul serão convertidas em ponto de venda e museu.
O projeto de expansão inclui a substituição, em três a quatro anos, da produção de vinho a granel para terceiros, de baixo valor, por linhas engarrafadas, além do ingresso ainda em 2013 no segmento de néctares de outras frutas. "Queremos aumentar a rentabilidade dos associados", afirma o presidente. De acordo com ele, também haverá um enxugamento do portfólio de mais de dez marcas para concentrar esforços em rótulos mais conhecidos como Aliança, Santa Colina e Collina Del Sole.
A nova unidade exigirá investimento de R$ 83,4 milhões - 100% financiados pela linha Pronaf Agroindústria, com juros de 2% ao ano e pagamento em dez anos, incluindo três de carência. O projeto ainda receberá incentivos do governo do Rio Grande do Sul, mediante o adiamento do recolhimento do ICMS adicional gerado pela unidade por até 12 anos, ou até atingir o valor total do investimento, com pagamento em igual período, juros máximos de 2% ao ano mais atualização monetária, cinco anos de carência e desconto de 55% nas parcelas.
O financiamento será repassado pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), que participará com R$ 55 milhões, e o Banrisul (R$ 28,4 milhões). Segundo o diretor administrativo do BRDE, José Hermeto Hoffmann, ex-secretário de Agricultura do Estado (1999-2003), a fusão das cooperativas garantiu escala para tocar o projeto de expansão da Nova Aliança e deve servir de "inspiração" para o setor cooperativo gaúcho.
Os empréstimos foram contratados no fim de dezembro e, por isso, a Nova Aliança fará amanhã uma solenidade de lançamento formal das obras da nova unidade, que iniciaram ainda em 2012. De acordo com a cooperativa, participarão o governador do Estado, Tarso Genro (PT), e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, que é de Caxias do Sul.
Veículo: Valor Econômico