O mercado de vodca no Brasil, que cresceu 3% em volume e 10% em valor no ano passado, continua atraindo novos investimentos de olho nos jovens, que consomem a bebida misturada com refrigerantes e energéticos ou já pronta, em latinhas ou garrafas, com sabores de frutas. No final do ano passado, a Pernod Ricard, dona da Orloff, ampliou o leque com os sabores maçã verde - também lançado pela Smirnoff, da Diageo - cranberry e cítrico.
Pernod e Diageo têm 45% desse mercado, mas isso não intimida a brasileira Petrópolis, dona da cerveja Itaipava. Ela acaba de lançar a vodca Nordka, produzida em São Roque (SP). Para chegar à sua meta de ganhar, em dois anos, uma fatia de 5% de participação no segmento das marcas standard, terá o desafio de enfrentar nas baladas e mesas de bar a líder Smirnoff, com 30% e a Orloff.
"Temos uma estrutura de distribuição pronta de 400 mil pontos de venda nas regiões Sudeste e Centro-Oeste [para cerveja]
; 30% deles têm perfil de consumo de vodca standard ou premium", diz o diretor de mercado do grupo Petrópolis, Douglas Costa. São pequenos varejos, bares e casas noturnas que usam a bebida misturada. A companhia, que tem 11 marcas entre cervejas, isotônicos, energéticos e vodcas, investiu R$ 4 milhões no desenvolvimento do novo produto e na divulgação.
O mercado da vodca faturou R$ 4,1 bilhões em 2011 com a venda de 55, 2 milhões de litros, segundo os dados mais recentes da Euromonitor. Entre 2001 e 2011, as vendas aumentaram 256% (ver quadro nesta página) e no período acumulado em doze meses até outubro os preços aumentaram 5,5%. Estão incluídas aí as categorias preço baixo (de R$ 10 a R$ 17), standard ou popular (R$ 18 a R$ 27) e premium (R$ 40 a R$ 100). O naco maior é o das marcas standard, categoria que representa 66% do total em vendas.
Entre 2001 e 2011, de acordo com os dados da Euromonitor, este mercado dobrou em volume. "A vodca tem o atributo de misturar-se a outras bebidas", diz a diretora de marketing da Diageo, Tania Cesar.
A versatilidade do uso da bebida como drink faz com que 60% da vodca standard seja consumida misturada. Os outros 40% correspondem ao consumo puro ou com gelo.
Além das misturas feitas na hora, o filão dos sabores é explorado pelas empresas o que rejuvenesce o mercado. A Smirnoff, marca da Diageo vendida em 130 países, lançou a versão Ice em 2001 no sabor limão. Depois engrossaram os lançamentos as linhas Twist, Caipiroska, Cocktails Collection e por último a versão Frizz, neste verão. Da fábrica da Pernod saiu a linha Orloff Bold, que segundo Rafael Souza, gerente do grupo de bebidas premium da empresa, tem o objetivo de "interagir com a nova geração que gosta de novidades".
Há pouco mais de um ano, a cervejaria Petrópolis colocou no mercado a vodca Blue Spirit nas versões Unique e Ice. Funcionou como um ensaio dentro da categoria premium, com pequeno volume. A estratégia agora é vender Nordka para mulheres e homens entre 25 e 40 anos usando garçons, barmen e donos de quiosques no litoral do Rio e São Paulo como garotos-propaganda em bares e casas noturnas que representam 40% do consumo. "São eles que acabam decidindo a venda ao indicar o produto", diz Costa.
A vodca é uma bebida de origem russa. Destilada a altas temperaturas, depois é submetida a filtragens químicas. Em cada país onde é produzida, utiliza a matéria prima disponível no país. Na Rússia é feita com cereais como trigo, cevada e centeio; no Japão, com arroz. E no Brasil, é produzida a partir da cana de açúcar. A Smirnoff é engarrafada na fábrica da Cereser, no interior de São Paulo, e a Orloff, na Pernod Ricard, em Resende, estado do Rio.
Veículo: Valor Econômico