A embalagem cartonada de 250 ml, para consumo individual, é uma das apostas da indústria vinícola nacional para a democratização do consumo da bebida no Brasil. Ação em parceria entre a escola de samba Vai-Vai, o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e a fabricante de embalagens Tetra Pak, a ser realizada no Carnaval 2013 em São Paulo, servirá de ensaio para a introdução do novo formato, que também deverá ser testado no varejo.
"Queremos desenvolver aqui uma nova categoria de vinhos, que já é muito forte em outros países", afirma o diretor executivo de vendas para alimentos e vinho da Tetra Pak, Fernando Varela. De acordo com a empresa, são vendidos na América Latina 460 milhões de embalagens cartonadas para vinho, anualmente. Na Argentina, 44% do vinho já é embalado em caixinhas; no Chile a participação é de 43%, e chega a 70% do mercado no Paraguai e 20% do consumo uruguaio.
Segundo Varela, vinícolas brasileiras já utilizam embalagens cartonadas de litro, mas a embalagem individual pode ajudar a incrementar o consumo per capita de vinho no Brasil, hoje ainda bastante baixo, de 2 litros ao ano, ante cerca de 45 litros anuais da França e 25 litros ao ano na vizinha Argentina, por exemplo. "Se a gente quer desenvolver um hábito de consumo, temos que acertar o tamanho da porção. Se você não é tomador de vinho, não vai de cara comprar um litro para experimentar, mas uma dose individual, adequada para consumo fora do lar, e começa a criar um novo hábito", crê o executivo.
Para a ação específica no Carnaval o investimento será de R$ 500 mil, na distribuição de 180 mil embalagens, divididas entre três categorias de vinho (branco aromático, tinto seco e tinto suave). "A partir do resultado dessa ação, vamos definir os próximos passos", diz Varela. A Copa do Mundo é vista como espaço de oportunidade, por trazer ao País visitantes com hábito de consumo de vinho. "Não sabemos se a venda será permitida em estádios, mas há espaço em hotelaria e casas noturnas, por exemplo", afirma. O diretor conta que a Tetra Pak já tem negociações avançadas com clientes para a adoção do formato para além do Carnaval. "E sabemos que existem redes de supermercado também muito interessadas em começar a promover este produto", relata.
A vinícola Perini, de Farroupilha (RS), que participa da ação no Carnaval paulista com o vinho Arbo Merlot, é uma das empresas que acredita no futuro do formato no Brasil. "Além da venda no Carnaval, vamos fazer uma experiência para testar o desempenho dessa embalagem em algumas lojas do varejo, provavelmente em São Paulo", conta o diretor-comercial da empresa, Franco Perini. "Dependendo do resultado disso, vamos dar continuidade [ao uso da embalagem]", adianta.
Com o aumento do consumo, Franco também vê espaço para o avanço de outras embalagens para vinho, como a bag-in-box (embalagem formada por uma caixa de papelão contendo uma bolsa plástica dentro, utilizada para grandes volumes, como 3 ou 5 litros de vinho) e as garrafas com tampa de rosca (sem rolha, são adequadas para vinhos de rápido consumo, que não exigem micro oxigenação). "À medida que o vinho começa a ser desmistificado no Brasil, a tendência é que essas embalagens passem a ter um desempenho melhor", diz o diretor.
A Vinícola Góes, de São Roque (SP), fornecerá o vinho Quinta Jubair Tinto Suave para a ação e também testará no varejo a aceitação do formato. "Temos boa mobilidade em produzir lançamentos em baixa escala comercial inicial", conta o diretor Cláudio Góes, para quem o fato de a empresa ser de médio porte permite maior ousadia na prospecção de novos nichos de mercado.
"Para o consumidor chegar ao vinho mais sofisticado, ele tem que começar pela base da pirâmide, se ele não começar a tomar vinho, a hora que ele sai da cerveja, vai para uma vodca, para um ice", diz Claudio. "Para trazer a cultura do vinho para a população brasileira, ações ligadas à cultura de massa, como o futebol e o Carnaval, devem ser usadas para a promoção da bebida", conclui.
Veículo: DCI