Inbev revisa compra de cervejaria mexicana

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A Anheuser-Busch InBev, maior cervejaria do mundo, informou ontem que revisou os termos da aquisição do grupo mexicano Modelo por US$ 20,1 bilhões, buscando contornar objeções do governo norte-americano de que a operação vai restringir a concorrência .

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriu um processo para bloquear o negócio, afirmando que o acordo eliminará um concorrente independente, podendo levar a maiores preços de cerveja no mercado norte-americano.

O órgão não se convenceu de que o plano divulgado pela AB InBev, de vender a participação de 50% na importadora norte-americana de cervejas Crown Imports para a maior empresa de vinhos do mundo, a Constellation Brands, teria solucionado esse problema, considerando que a cervejaria belga ainda forneceria à Crown as cervejas Corona e outras do grupo Modelo, além de ter a opção a cada dez anos de comprar a totalidade da importadora.

A AB Inbev informou que, agora, concordou em vender a cervejaria Piedras Negras, do grupo Modelo, para a Constellation, garantindo a ela direitos perpétuos pela marca Corona e outras marcas do grupo mexicano nos EUA, por US$ 2,9 bilhões.

O Departamento de Justiça havia afirmado que, quando as duas líderes do segmento – AB InBev e MillerCoors – aumentavam preços, a rival menor Modelo não costumava acompanhar o movimento e ganhava participação de mercado.

A Bernstein Research afirmou em nota que o novo acordo, envolvendo total desinvestimento do negócio norte-americano do grupo Modelo, deve eliminar as preocupações do Departamento de Justiça.



Os bastidores da luta contra a gigante



Há mais de uma década, as maiores cervejarias do mundo absorvem concorrente após concorrente, enquanto esses lutam com o crescimento em queda em muitos mercados. Para barrá-las, o Departamento de Justiça dos EUA criou um processo para bloquear o negócio de

US$ 20,1 bilhões do grupo Anheuser-Busch InBev para comprar a fabricante mexicana da cerveja Corona. A justificativa era de que a fusão consolidaria o controle de mercado da Anheuser-Busch InBev e possibilitaria que a empresa continuasse a aumentar os preços das cervejas. O Grupo Modelo é a terceira maior cervejaria dos EUA.

A ação judicial era o primeiro obstáculo em uma década de consolidação de fabricantes de cerveja em todo o mundo, que reduziu a indústria para apenas alguns atores principais.

No topo mundialmente está a Anheuser-Busch InBev, ela própria produto de uma fusão, em 2008, entre uma marca sediada em St. Louis e uma gigante belgo-brasileira. Desde meados de 2008, a cervejaria anunciou mais de 15 aquisições, segundo dados do Capital IQ.

A ação antitruste é em um setor no qual governos anteriores haviam permitido ondas de consolidação. A Anheuser-Busch InBev, a gananciosa SABMiller, que é uma das matrizes da MillerCoors, e o Grupo Modelo, juntos, têm 72% dos US$ 80 bilhões do mercado de cerveja dos EUA.

Analistas da UBS afirmaram que o caso não era um "impedimento de negócio", na expectativa de que a Anheuser desistisse do que chamaram de concessões "razoáveis".

No último verão, a Anheuser concordou em comprar os 50% que ela ainda não possuia da Modelo, um negócio que lhe daria controle integral da Corona, a marca top de cerveja importada dos EUA. O editor da publicação Beer Business Daily, Harry Schuhmacher, disse, na ocasião, que o negócio com a Modelo seria o fim dos acordos no setor por um bom tempo entre as gigantes das cervejarias.

A ação do Departamento de Justiça era o obstáculo mais proeminente na carreira de transações de Carlos Brito, executivo chefe da Anheuser. Brito ajudou a liderar o crescimento da AmBev, uma cervejaria brasileira, e sua transformação em uma gigante global por meio de uma série de aquisições. "Não tenho certeza se esse é o fim, mas Brito é um cara que está acostumado a conseguir o que quer", disse Lew Bryson, jornalista que acompanha o setor de cerveja.

 

Veículo: Diário do Comércio - SP


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