Laudo revela que Ades foi envasado com água e soda cáustica

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Vigilância Sanitária de MG conclui que erros mecânico e humano causaram contaminação; Unilever fala em 3 falhas


Laudo da Superintendência da Vigilância Sanitária de Minas Gerais divulgado ontem sobre a contaminação na fábrica da Unilever de Pouso Alegre (MG) aponta que, no lugar de suco Ades, 96 caixas foram envasadas com hidróxido de sódio (2,5%), a popular soda cáustica, e água. Isso teria ocorrido em razão de falhas mecânica e humana.

O laudo estadual agora será encaminhado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa), que definirá as penalidades. Mas a vigilância já apontou que a linha de produção deve permanecer paralisada até que sejam tomadas diversas medidas preventivas na fábrica que impeçam novas contaminações como a que veio à tona na semana passada, com um lote de 1,5 litro de suco de soja de maçã.

Entre outras coisas, a Unilever terá de fazer uma revisão completa de todos os equipamentos, sensores e software do processo de fabricação do Ades.

A empresa precisará ainda aumentar o número de amostras coletadas durante o envase e alterar o período de retenção dos produtos acabados antes da liberação ao mercado. Outra exigência é a revisão e implementação de um procedimento de liberação da produção após o sistema de higienização. Por fim, a companhia precisará introduzir um dossiê diário de qualidade com a assinatura dos gerentes.

Na primeira entrevista após o caso, o presidente da Unilever, Fernando Fernandez, afirmou ontem ao Estado que uma sequência de três falhas levou à contaminação de um lote do suco. "Foi um problema pontual de qualidade que não voltará a se repetir, mas pelo qual pedimos as máximas desculpas", afirmou.

A primeira delas, segundo Fernandez, ocorreu ao final de uma etapa de produção - quando o maquinário passa por um procedimento de limpeza com solução de soda cáustica. Um funcionário não percebeu que a etapa estava concluída e acionou a máquina para continuar envasando o produto. A segunda falha se deu quando o equipamento permitiu o envasamento mesmo estando em modo de limpeza. Por isso, a soda cáustica acabou envasada.

A terceira falha ocorreu pelo fato de o funcionário não ter colhido uma amostragem para verificar a qualidade do produto, procedimento-padrão. Isso fez com que as unidades contaminadas chegassem aos consumidores. De acordo com a empresa, a máquina permaneceu envasando a substância errada durante 80 segundos, o que resultou em até 96 caixas impróprias para o consumo.

Apesar de a Anvisa ter determinado a suspensão de todos os lotes do produto com iniciais AG, a Unilever garante que apenas o lote AGB 25, que corresponde às 96 unidades, foi afetado. Fernandez afirma que, para reconquistar a confiança dos consumidores, a empresa adotou quatro medidas para assegurar que a falha não vai ocorrer novamente. Haverá uma revisão completa dos equipamentos; o plano de amostras para controle de qualidade também será mais rígido; a "quarentena" do produto (período em que permanece na fábrica antes de ser distribuído) vai aumentar de 7 para 10 dias e haverá uma revisão do procedimento de limpeza. Por último, passará a ser feito um dossiê diário de qualidade.

Segundo a empresa, o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da Unilever, que conta com 160 pessoas, foi triplicado e 4 mil pessoas foram encarregadas de ir às ruas para retirar dos mercados o lote impróprio.

Lote. O caso veio à tona no dia 15, quando a Unilever anunciou o recall de 96 unidades do suco Ades. O lote contaminado é composto por caixas de 1,5 litro do sabor maçã. Na ocasião, a empresa divulgou que os produtos tinham sido envasados acidentalmente junto com um produto de limpeza, cujo consumo poderia provocar queimadura.

No dia seguinte, a Anvisa pediu à vigilância de Minas que fizesse uma vistoria na fábrica onde ocorreu o acidente, em Pouso Alegre. No dia 18, resolução da Anvisa determinava a suspensão da venda de todos os lotes do produto com as iniciais AG.

Apesar de a suspensão valer apenas para os lotes citados pela Anvisa, muitos supermercados, lanchonetes e restaurantes optaram por retirar todos os produtos Ades de suas prateleiras.



Veículo: O Estado de S.Paulo



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