Mais do que uva, a safra que começa ser colhida agora vem com turbulências por conta de discordâncias sobre valores a serem pagos pela fruta. A indústria tenciona pagar R$ 0,29 pelo quilo de variedades americanas e híbridas com 15 graus de açúcar, mais 20% a título de margem de rentabilidade; total R$ 0,36. Já os produtores reivindicam R$ 0,55, argumentando que em 2007 e 2008 não houve reajuste e que o custo de produção aumentou. A palavra final será do governo federal - o responsável pela política de preços mínimos para o setor - possivelmente, antes do final deste mês. Na bolsa de aposta, entretanto, a tendência é pela manutenção de R$ 0,46, valor de referência nas duas últimas safras para o Preço Mínimo Básico (PMB).
"Fizemos um estudo bem fundamentado, com 500 produtores de 30 cidades. Na ponta do lápis, o custo de produção é de R$ 0,55", enfatizou o presidente do Sindicato Rural de Flores da Cunha e da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin. "Tem produtor entregando uva vinífera e recebendo com o preço de uva comum porque não há mais onde colocar", lamentou o dirigente que fala em quebra de safra em algumas variedades.
O Programa de Escoamento da Produção (PEP), realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) pode auxiliar na determinação de patamares mais altos de preços. "Todas as ações que vierem para reduzir a oferta interna repercutiria no aumento do preço do vinho e, consequentemente, no da uva", argumentou o secretário executivo da Associação Gaúcha dos Viticultores (Agavi), Darci Dani. "A maior vantagem no PEP que o governo pode propor é a certeza que existirá menos pressão no mercado interno e a garantia do pagamento do preço mínimo para empresas que desejarem participar deste tipo de programa", afirmou o executivo.
O diretor da Federação das Cooperativas de Vinho do Rio Grande do Sul (Fecovinho), Hélio Marchioro, comentou que as ações que o Poder Público vem tomando demonstram respeito pelos pleitos do Movimento em Defesa da Uva e dos Vinhos do Brasil.
Veículo: Gazeta Mercantil