Apesar da redução do consumo de bebidas alcoólicas gerada pela aplicação da Lei Seca, a expectativa é que o faturamento do setor tenha crescido 14% em 2008 ante o exercício anterior. A estimativa é do superintendente do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (Sindibebidas-MG), Cristiano Lamego. Segundo ele, diferente do que aconteceu com outros segmentos, a crise ainda não afetou o setor de bebidas.
"Em 2008, o que mais prejudicou o segmento foi a Lei Seca, que trouxe redução de até 15% no consumo de bebidas em agosto e setembro, logo depois de começar a vigorar. Mas o segmento já sente a recuperação do consumo, principalmente com a chegada do fim do ano", avaliou.
De acordo com Lamego, o resultado positivo de 2008, e também dos últimos anos, é atribuído, principalmente, à elevação de renda da população. E para 2009 a expectativa é manter o mesmo nível de faturamento, já que a previsão é de que a crise não afete o setor alimentício e de bebidas.
Lamego destacou a elevação da produção de cervejas artesanais no Estado, que vem tendo desempenho bem superior à média do setor. Produzidas em pequena escala, as cervejas artesanais caíram no gosto do consumidor. Em virtude da demanda, as microcervejarias devem encerrar 2008 com receita 40% superior à registrada em 2007, desempenho médio dos últimos dois anos.
Tributação - Apesar do bom desempenho, a indústria de bebidas sofre com a tributação imposta ao setor. Segundo Lamego, as altas taxas de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que incide sobre as chamadas bebidas quentes - cachaças, uísques, vinhos, entre outras - contribuem para que haja aumento da informalidade dos produtores de cachaça de alambique, que já chega a 97%.
"Outro problema é que os produtores de cachaça, que respondem pela maior parte da produção de bebidas no Estado, são impedidos de se enquadrar no Simples, desde janeiro 2001, pelo fato de produzir uma bebida alcoólica", observou.
Para o superintendente do Sindibebidas-MG, a solução para minimizar o peso da alta carga tributária é possibilitar o acesso ao Simples, já que quase a totalidade dos produtores de cachaça artesanal são de micro e pequeno portes, através de proposição pelo poder Legislativo de Projeto de Lei Complementar.
De acordo com ele, o setor de bebidas fatura por ano cerca de R$ 1,5 bilhão no Estado, gerando aproximadamente R$ 100 milhões em impostos e em torno de 140 mil postos de trabalho entre diretos e indiretos. São aproximadamente 250 milhões de litros de cachaça artesanal por ano produzidos no território mineiro, o que corresponde a metade da produção nacional. Em seguida, está São Paulo.
A indústria de bebidas em Minas reúne 600 empresas, das quais 90% são destinadas à produção de cachaça. A fabricação de cerveja é feita em 15 indústrias e de sucos em 50 empresas. A produção é destinada ao mercado brasileiro, com destaque para a clientela mineira, que responde por 65% do total comercializado.
Veículo: Diário do Comércio - MG
