Pequeno fabricante de refrigerante critica tributação para produto em PET

Leia em 3min 30s

Pequenos e médios fabricantes de refrigerantes pressionam a Receita Federal para que o novo sistema de tributação de bebidas frias dê tratamento igual aos produtos vendidos em latas de alumínio e garrafas plásticas (PET) de até 600 ml. O presidente da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), Fernando Bairros, lamenta que a base de cálculo estabelecida para as latas tenha sido "bem menor" do que nas embalagens PET para consumo individual, o que, segundo ele, "protege alguns e prejudica a livre concorrência". 

 

Bairros também critica a Receita Federal alegando que foi desconsiderado um acordo assinado por ele e Hoche Pulcherio, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (Abir). "Já reclamamos com a Receita e vamos mostrar que a tributação está desequilibrada. As garrafas plásticas menores, para consumo individual, não podem ter a mesma carga de impostos daquelas com capacidade de dois litros", diz. 

 

Pulcherio confirma a assinatura do acordo, mas informa que a Receita alegou dificuldades técnicas para diferenciar as embalagens de bebidas por tamanho. Dessa maneira, foram definidos apenas três tratamentos: vidro, lata e plástico. Ele acredita que quando forem instalados os medidores de produção - sofisticados sistemas que vão identificar os produtos por marca - todas as arestas poderão ser aparadas. Procurada pela reportagem, a Receita Federal não quis se pronunciar. 

 

O novo sistema de tributação de bebidas frias considera quantidade produzida e preço do produto, mas também desagradou aos fabricantes de latas de alumínio. Na edição de 2 de janeiro, o Valor publicou reportagem com a opinião de Renault de Freitas Castro, diretor executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas). 

 

Segundo os cálculos de Castro, a nova carga do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e das contribuições PIS e Cofins foi reduzida em 0,21%, na média, para os refrigerantes vendidos em garrafas PET. No caso da lata, o sentido foi oposto, com salto médio de 33,7%. Além disso, afirmou que essa foi mais uma oportunidade perdida pelo governo para incentivar o uso de embalagens de baixo impacto ambiental. A reciclagem da lata alcança mais de 96% do total produzido. 

 

Os fabricantes de PET contestam a Abralatas. A Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet) sustenta que o método conhecido por análise de ciclo de vida (ACV) é a melhor ferramenta para calcular o impacto ambiental. Segundo esses critérios, a garrafa plástica é mais amigável ao ambiente que a lata. Garrafas PET demandam menos energia elétrica para serem fabricadas e menos combustível para serem transportadas porque têm maior capacidade de armazenamento. 

 

A Abipet argumenta que uma garrafa plástica de 2 litros pesa 47 gramas, mas a maioria das latas usadas no Brasil é de 350 ml (13,5 gramas). Portanto, para transportar 2 litros do mesmo produto, seriam necessárias 5,7 latas e consumidos 76,9 gramas de alumínio. Seguindo esse cálculo, um caminhão gasta mais combustível transportando embalagens de alumínio do que o mesmo veículo que leva PET. No caso do consumo de energia, os fabricantes afirmam que o PET é imbatível porque consome de seis a dez vezes menos para ser produzido do que os concorrentes vidro e lata. 

 

No Brasil, a Abipet informa que a reciclagem de garrafas plásticas vem crescendo rapidamente e já chegou aos 53,5 %. Apesar de todas essas vantagens listadas pela associação, a maior delas é o preço final muito mais baixo que o das embalagens de vidro e alumínio. Isso permitiu aumento de 75% no consumo de refrigerantes e levou o produto para as pessoas de baixa renda. 

 

Na avaliação do presidente da Afrebras, em pouco tempo a reciclagem de PET chegará aos quase 100% já alcançados nas latas de alumínio. "Queremos levar aos consumidores o melhor produto pelo menor preço. Se for criada uma embalagem mais barata que as garrafas PET, vamos usá-la", garante Barrios. 

 

Veículo: Valor Econômico


Veja também

Divergências históricas entre produtores e vinícolas

 Mais do que uva, a safra que começa ser colhida agora vem com turbulências por conta de discordâ...

Veja mais
Estoques de vinho crescem 30% em um ano

O setor vitivinícola, que movimenta anualmente perto de R$ 1,5 bilhão, está prestes a receber a nov...

Veja mais
Venda de vinho nacional cai 15%

Os estoques de vinho encerraram 2008 com 196 milhões de litros, 53% mais do que um ano antes, uma vez que a estim...

Veja mais
Crise ainda não afetou o setor de bebidas em Minas

Apesar da redução do consumo de bebidas alcoólicas gerada pela aplicação da Lei Seca,...

Veja mais
ABInBev deve fechar fábricas e cortar postos

A Anheuser-Busch InBev (ABInBev) , maior cervejaria do mundo, tem o objetivo de fechar uma fábrica no Reino Unido...

Veja mais
ABInBev fechará fábrica centenária

A gigante Anheuser-Busch InBev (ABInBev) anunciou ontem que pretende fechar a tradicional cervejaria Stag Brewery, em Lo...

Veja mais
Importador de vinho prepara liquidação

Eles não fazem fila na porta e nem dormem na calçada para aproveitar as liquidações de final...

Veja mais
ABInbev planeja fechar fábrica no Reino Unido

  Veículo: Valor Econômico...

Veja mais
Destilarias correm contra o tempo para atender demanda de uísque

A Easter Elchies House, uma mansão que serve de sede para a Macallan Distillery, possui vista panorâmica pa...

Veja mais