A Companhia de Bebidas das Américas (Ambev) afirmou que mesmo diante de um cenário desafiador e de difícil previsão, manterá os investimentos programados para o mercado brasileiro em 2013, de R$ 3 bilhões, o que configura um aporte recorde, superando os R$ 2,5 bilhões disponibilizados em 2011.
A informação foi divulgada ontem pelo vice-presidente financeiro e de Relação com Investidores da Ambev, Nelson Jamel, durante o anúncio dos resultados obtidos no segundo trimestre deste ano. No período em destaque, a empresa contabilizou uma queda de 1,1% no lucro líquido em comparação com o mesmo período de 2012, somando R$ 1,88 bilhão.
O volume total comercializado também apresentou queda de 1,1%, registrando 36,984 milhões de hectolitros. No Brasil, a divisão de refrigerantes foi a mais afetada, apontando queda de 4,7% no volume, enquanto a divisão de cervejas obteve uma leve retração de 0,4%.
Em compensação, a Ambev obteve crescimento de 9,9% da receita líquida, somando R$ 7,50 bilhões. Segundo Jamel, as operações no primeiro semestre foram afetadas pelo aumento nos custos, nas despesas e impostos - o último forçou a empresa a alavancar o preço dos refrigerantes.
"Os custos aumentaram 12,7% devido, principalmente, a desvalorização do real. Já as despesas cresceram 14,8%, resultado dos fortes investimentos em marketing durante a Copa das Confederações", disse.
Em relação ao futuro, o executivo confirmou que a indústria segue pressionada e as expectativas para o segundo semestre não são tão positivas. Além disso, Jamel reforçou que um novo ajuste tributário em outubro pode elevar, novamente, os preços dos refrigerantes.
Na divisão de cervejas, a previsão é de estabilidade. "A indústria de cerveja no Brasil deve terminar o ano com um crescimento estável ou queda de um dígito baixo", ressaltou Jamel.
Para as analistas da Concórdia Corretora, Daniela Martins e Karina Freitas, apesar das dificuldades macroeconômicas, a Ambev permanece bem estabelecida para se beneficiar de um eventual reaquecimento econômico e aumento do poder aquisitivo das famílias, além de futuros eventos importantes como a Copa do Mundo.
"No mercado interno, a empresa sofreu com a pressão inflacionária, o enfraquecimento do poder de compra e a maior incidência tributária sobre produtos. Porém, entregou um resultado trimestral seguro".
Já os analistas da Planner reforçaram que o custo de produção deve subir mais de 10%, com as despesas operacionais crescendo abaixo da inflação. Assim, a conjunção de todas essas expectativas não configuram resultados muito positivos no segundo semestre.
Veículo: DCI