O ano de 2013 deve representar um ponto de inflexão na curva de crescimento na indústria de cerveja no Brasil.
O volume de produção do setor, que aumentou na média 6% ao ano entre 2002 e 2012, caiu 1,8% no primeiro semestre deste ano, segundo Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe). Para encerrar 2013 empatado com o ano passado, a produção precisará avançar aproximadamente 0,6% de julho a dezembro sobre o mesmo período do ano passado.
Dados preliminares do Sicobe mostram que, em julho, a produção de cerveja no país avançou 2,2% sobre igual período de 2012. Janeiro, junho - quando houve a Copa das Confederações - e julho foram os únicos meses em que o indicador subiu este ano. Os demais meses registraram retração.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Cerveja (CervBrasil), Paulo Petroni, diz que, com a alta volatilidade da economia, as pressões inflacionárias, a desaceleração do crescimento da renda e o maior comprometimento dos salários, é difícil prever que patamar de crescimento o setor vai sustentar nos próximos anos.
A entidade, formada no ano passado, representa as quatro grandes fabricantes de cerveja do Brasil - Ambev, Brasil Kirin, Grupo Petrópolis e Heineken.
Desde o terceiro trimestre de 2012, as fabricantes de cerveja começaram a enfrentar dificuldade para expandir a produção. Mas, no longo prazo, disse Petroni, existe um grande potencial de crescimento no Brasil para o setor.
Com faturamento de R$ 63 bilhões em 2012, o país é o terceiro maior fabricante mundial de cerveja. Porém, o consumo per capita - de 66,7 litros ao ano - ocupa a 26ª posição no ranking internacional.
O Brasil está bem atrás da República Tcheca, onde o consumo per capita chega a 122,8 litros ao ano. Na Áustria, Alemanha e Irlanda, o indicador também supera 100 litros ao ano.
A meta do Brasil é alcançar a Espanha, onde cada pessoa, na média, bebe 70,2 litros de cerveja por ano, segundo Petroni. "É o que consideramos que seria um nível de consumo responsável", diz.
A velocidade em que o Brasil atingirá a Espanha tem forte ligação com o desempenho geral da economia. De acordo com Petroni, as fabricantes são muito rápidas na tomada de decisão e revisam seus investimentos mensalmente conforme a demanda prevista.
A estimativa de investimentos do setor para 2013 é de até R$ 4 bilhões (R$ 3 bilhões deles apenas da Ambev). Por ora, o valor não está muito distante da média dos últimos três anos, de R$ 4,4 bilhões. "Hoje o setor vive um otimismo com preocupação".
Veículo: Valor Econômico