Em 2009, depois de viagens pela Índia, China e Hong Kong, o empresário gaúcho João Paulo Sattamini teve a ideia de produzir o primeiro energético orgânico do Brasil, inspirado pela forte cultura do consumo de chás naqueles países. Passados três anos de estruturação do projeto, ele criou a empresa Brasilbev e, em setembro de 2012, lançou o Organique em lojas especializadas. Neste mês, o produto, feito com açaí e guaraná da Amazônia e erva-mate do Paraná, começou a ser vendido também em supermercados.
O primeiro contrato, com exclusividade de três meses, foi fechado com o Pão de Açúcar, que já oferece o produto envasado em latas de 269 ml em 110 lojas de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia e Curitiba. Até o fim do ano a ideia é colocar o energético nas gôndolas de todos os pontos de venda da rede, que opera também nos Estados do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Piauí.
A gerente comercial do Pão de Açúcar, Sandra Sabóia, informou que a empresa trabalha há 20 anos na prospecção de produtos e tendências para oferecer "opções orgânicas" aos clientes. Segundo ela, o Organique inaugura a venda deste tipo de energético pela rede.
O mercado de energéticos cresceu 43,6% no Brasil entre 2010 e 2012, segundo dados da consultoria Euromonitor. No ano passado, o segmento movimentou US$ 1,9 bilhão e é liderado pela austríaca Red Bull. Outros concorrentes de peso são a multinacional Coca-Cola, com a marca Burn, e a brasileira Globalbev, dona do Flying Horse. No fim de 2012, a húngara Hell entrou no país.
O Organique é produzido para a Brasilbev pela Santamate, de Santa Maria (RS), e certificado como produto orgânico pela Ecocert Brasil. A capacidade alugada é de 1,5 milhão de latas por mês e o objetivo é chegar a 500 mil latas mensais até dezembro, ante as 300 mil atuais, diz Sattamini, que já negocia com outro fabricante de bebidas, desta vez no município gaúcho de Anta Gorda, o lançamento de chás orgânicos nos próximos 45 dias.
O empresário, que investiu R$ 1,5 milhão no desenvolvimento e lançamento do energético, diz que apesar do custo alto da produção orgânica, o Organique é vendido pelo mesmo preço de produtos convencionais. A margem maior será perseguida com o aumento dos volumes e não com o reajuste de tabelas. "Queremos ser competitivos para estimular a migração do consumidor", disse.
O faturamento da Brasilbev deve somar R$ 2,5 milhões em 2013. A meta é alcançar R$ 30 milhões em 2017, com novos produtos. Neste ano as exportações devem contribuir com 20% da receita. A empresa exporta a Estados Unidos e China e negocia a entrada nos mercados do Japão e do Canadá.
Veículo: Valor Econômico