Menos uva com mais qualidade

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As primeiras uvas da safra 2008/09 já começaram a ser colhidas na última semana e, de acordo com técnicos do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), elas apresentam uma qualidade superior em relação à safra passada, mas a quantidade foi comprometida. As parreiras da serra gaúcha devem produzir este ano entre 441 e 504 milhões de quilos de uva, até 30% menos que os 630 milhões de quilos colhidos em 2008.

 

A quebra vem a calhar aos produtores que já enfrentam dificuldades para vender as uvas às indústrias. Segundo Carlos Paviani, diretor-executivo do Ibravin, o setor entrou em 2009 com quase 300 milhões de litros estocados, volume pouco menor que a produção de todo o ano de 2008 de 330 milhões de litros - o estoque de passagem anterior foi de quase 200 milhões de litros de vinho, já 25% carregado de excedente.

 

"Comercializamos menos vinho no ano que passou por vários fatores, entre eles a taxa cambial", explica Paviani. Segundo ele, o real valorizado tornou as importações mais atraentes, "cenário que só mudou no final do ano com a alta do dólar". Em 2008, as importações cresceram 2,8% na comparação com 2007, já as exportações demandaram apenas 2% da produção nacional.

 

Com mais vinho importado no mercado interno, a bebida nacional sobrou nas prateleiras dos supermercados e nos estoques das indústrias. Dados do Ibravin revelam que nos últimos três anos o consumo interno do vinho de mesa recuou 30%, graças também à concorrência com similares à base de vinho que economizam na dose da bebida e não enfrentam fiscalização e carga tributárias comparáveis às enfrentadas pelo vinho puro. No mesmo período de três anos, a venda de vinhos finos permaneceu estagnada, apenas os espumantes registraram aumento na comercialização.

 

Desde 2006 a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), oferece instrumentos de apoio à comercialização como o Prêmio pelo Escoamento da Produção (Pep) aos interessados em distribuir a produção gaúcha entre os outros estados brasileiros com exceção de Santa Catarina. Mas as regras permitiram que apenas as cooperativas, responsáveis por 30% da produção, acessassem os prêmios leiloados.

 

João Paulo de Moraes, superintendente de operações da Conab, informa que em 2008 ocorreram nove leilões de Pep de vinho, neles foram ofertados 177 milhões de litros e apenas 26,6 milhões, ou ínfimos 15%, foram arrematados. Pela quantidade negociada o governo vai pagar R$ 19 milhões em prêmios, R$ 4,8 milhões já foram destinados aos que conseguiram comprovar o escoamento do vinho.

 

De acordo com o superintendente da Conab, "a baixa adesão ao programa pode ser justificada pela exigência de comprovação do escoamento antes mesmo da industrialização da bebida", impasse que seria solucionado antes mesmo da realização do primeiro leilão de 2009, ainda sem data marcada.

 

Hermes Zaneti, presidente da Câmara Setorial da Uva e do Vinho, questiona os números da Conab e calcula que apenas 12 milhões de litros teriam sido escoados via Pep em 2008, e não 26 milhões. "Houve entraves burocráticos. Grão de uva não é igual a grão de vinho e por isso exige um tratamento diferenciado. Mas o regulamento já está sendo revisto para possibilitar o acesso das empresas ao programa".

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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