Inspirado na novela, alambique mineiro lança cachaça Saramandaia

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Sucessos da ficção que viram realidade: fabricante segue os passos de produtos como a cerveja Duff e os chocolates Wonka

Da ficção para a realidade. Produtos criados para serem degustados por personagens de filmes, novelas e desenhos animados fazem tanto sucesso na ficção que invadem o mundo real. Apenas para recordar: a cerveja Duff, vendida no Bar do Moe, da animação Os Simpsons, é fabricada desde 2006; o chocolate Wonka, saboreado pelos personagens de A fantástica fábrica de chocolate, pode ser encontrado em todos os continentes. Agora chegou a vez da Saramandaia, uma aguardente engarrafada em São Gonçalo do Bação, um bucólico distrito de Itabirito, na Região Central de Minas Gerais, a 60 quilômetros de Belo Horizonte.

A cachaça, cujo teor alcóolico é de 40%, ganhou vida em razão do folhetim homônimo – a versão atual é inspirada na trama de Dias Gomes, gravada pela primeira vez em 1976. Na novela, duas famílias tradicionais brigam pelo nome da cidade. Enquanto uma deseja que o lugarejo continue se chamando Bole-Bbole; a outra trabalha para que o município seja rebatizado de Saramandaia. Tanto Bole-bole quanto Saramandaia, no folhetim, são nomes de aguardentes consumidas pelos personagens. Daí a conclusão: o nome escolhido favorecerá a venda da cachaça de uma das famílias.

“A Globo me telefonou perguntando se tínhamos interesse em licenciar uma cachaça com o nome de Saramandaia. Aceitamos e assinamos o contrato. Investimos R$ 2 milhões no projeto. Nosso primeiro lote, cujo volume é de 100 mil litros, já é vendido em Minas e em vários estados, como Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Rio Grande do Sul, Acre. E também no Nordeste”, conta Eduardo Marques, diretor de Marketing da Cobiçada, a produtora de aguardente que fabrica a Saramandaia.

As garrafas de 670 ml podem ser encontradas ao preço médio de R$ 39,90 e nas versões ouro (envelhecidas em carvalho) e prata (branca). “A empresa possui ainda 600 mil litros em estoque, que serão oferecidos de acordo com a demanda”, completa Marques. Ele espera que a bebida tenha o mesmo sucesso alcançado pela Duff, que ganhou fama no balcão do Bar do Moe. A animação Os Simpsons, criada pelo cartunista Matt Groening para a Fox, surgiu em 1989 com a proposta de satirizar a classe média dos Estados Unidos.

A cerveja tem um excelente garoto-propaganda: o personagem Homer, anti-herói chefe de uma família típica americana. Em 2006, um empresário mexicano lançou a bebida no mundo real. No ano seguinte, a cervejaria belga Haacht Brewery fez uma parceria com o latino-americano, levando o produto para a Europa. Ao Brasil, a Duff chegou no fim de 2011. A comerciante Kelis Oliveira, gerente da Mister Beer, um quiosque no Boulevard Shopping, coloca em números o sucesso da Duff: “De cada 10 unidades de cerveja que vendemos, ela representa em torno de sete”.

É bom frisar que os produtores da Duff não têm nenhuma relação com a animação Os Simpsons. Dizem até que Matt Groening, o animador, jamais desejou ver sua criação se tornar realidade, pois teme o estímulo do consumo de bebidas alcóolicas por menores. Ocorre que o empresário mexicano lançou a bebida e a Fox, detentora dos direitos do desenho, não questionou a iniciativa. Pelo menos publicamente.

Os chocolates Wonka também saíram da ficção para a realidade. O doce foi sucesso no filme A fantástica fábrica de chocolate, inspirado no livro Charlie e a fábrica de chocolate, do inglês Roald Dahl – a história foi filmada em 1971 e em 2005. Na trama, o personagem Willy Wonka, dono da fábrica, lança uma promoção curiosa: quem achasse convites dourados nos doces teria o direito de visitar a empresa. Havia apenas cinco convites e um deles foi encontrado pelo garoto Charlie.

O filme fez tanto sucesso que a Nestlé levou a marca Wonka para as prateleiras. O produto não é fabricado no Brasil, mas é encontrado em muitos estabelecimentos. Assim como na ficção, a Nestlé embalou, em 2010, cinco chocolates com convites dourados, assegurando como premiação uma viagem ao redor do mundo.

Estratégia eficaz

Frederico Albuquerque professor da FGV/IBS

“Historicamente, o uso de ações de marketing em filmes, desenhos, entre outros, é bastante comum para lançar ou melhorar vendas de produtos ou serviços. A forma mais comum é a product placement: quando o produto aparece em programas televisivos, filmes e novelas. A mercadoria ou serviço passa a fazer parte do contexto ficcional. É um recurso usado para reforçar posicionamentos, reposicionar marcas ou lançar um produto ou serviço no mercado, com a inclusão de marcas comerciais dentro de conteúdos de entretenimento e ficção, como se ‘izessem parte da história. Dependendo da estratégia, pode aparecer somente na trama ou existir, de fato, na vida real.




Veículo: Estado de Minas


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