A companhia mexicana desembolsa mais de US$ 2 bi no País em menos de dois meses e consolida liderança global na distribuição do refrigerante
Em tempos de dólar em alta, crescimento do PIB abaixo do esperado e consumo interno em desaceleração, seria natural para muitas empresas adiar seus planos de investimentos no País. Seria. Não para a mexicana Femsa, maior engarrafadora de Coca-Cola do mundo, dona de um faturamento de US$ 18,4 bilhões no ano passado, que deixou o pessimismo de lado e decidiu investir pesado no mercado brasileiro. Em menos de dois meses, desembolsou cerca de US$ 2,3 bilhões para adquirir a Companhia Fluminense de Refrigerantes (US$ 448 milhões) e a curitibana Spaipa, a maior engarrafadora de Coca-Cola do Brasil, por outros US$ 1,85 bilhão, no início da última semana. Com as duas aquisições, a companhia consolidou seu posto de maior distribuidora de Coca-Cola do planeta, responsável por 19% da venda da bebida no mundo e por 39% no Brasil.
“O País é uma peça-chave na estratégia global do grupo”, disse José Ramón Martínez, presidente da Coca-Cola Femsa Brasil, empresa que também controla as marcas Kaiser e Heineken, entre uma centena de outros rótulos. A compra da Spaipa, que faturou US$ 929 milhões em 2012, foi a sétima aquisição da Femsa desde seu desembarque no Brasil em 2003, quando assumiu o controle da Panamco, que atuava nos Estado de São Paulo e Mato Grosso do Sul. “Tudo isso tem nos permitido ganhos logísticos e maior eficiência no atendimento de nossos clientes”, afirmou o presidente da companhia. A sede por aquisições da Femsa está em sintonia com o que ocorre no mercado mundial de bebidas, cada vez mais concentrado.
Além disso, ela conseguiu aumentar, com a recente compra da Companhia Fluminense, sua participação na Leão Alimentos, fabricante do Chá Mate Leão e líder de bebidas não gaseificadas no País. Com essa operação, a Femsa passou a deter 21,8% da empresa, contra 19,7% anteriormente. Apesar da disposição para aquisições, a estratégia da empresa não se limita a comprar suas concorrentes menores. A companhia está investindo mais de US$ 400 milhões neste ano para ampliar sua estrutura de produção no País. Os recursos serão alocados na construção de um centro de distribuição em Sumaré, no interior paulista, e uma fábrica na cidade mineira de Itabirito, além de um armazém em Jundiaí. “Esta estratégia é acertada”, afirma à DINHEIRO Lauren Torres, analista do HSBC em Nova York. “Veremos, em toda região, grandes empresas comprando outras menores nos próximos anos.”
Veículo: Isto É Dinheiro