As possíveis alternativas para o aumento do consumo de vinho no País, um dos grandes dilemas do setor na atualidade, foram apresentadas ontem pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). A pesquisa encomendada pela entidade indicou três ações principais que se baseiam em uma maior divulgação das características da bebida, a difusão dos seus benefícios à saúde e a democratização do consumo. Conforme o diretor-executivo do Ibravin, Carlos Paviani, a ideia é trabalhar no sentido de posicionar melhor o vinho frente aos consumidores. "É preciso conhecer melhor o produto, para valorizá-lo e entender que se trata de uma bebida com alto valor agregado", diz o presidente.
O estudo apontou ainda que aspectos como a inovação das embalagens e aumento na oferta do produto no varejo também são fatores que reforçariam o potencial dos vinhos brasileiros perante os consumidores. Os resultados da pesquisa feita com 1.037 pessoas entre 18 e 69 anos em três capitais do País - Porto Alegre, São Paulo e Recife - pela empresa catarinense Market Analysis foram apresentados ontem. Conforme o diretor do Departamento de Produção Vegetal (DPV) da Secretaria da Agricultura, Luiz Augusto Petry, o setor produtivo tem dado a resposta necessária, com uma evolução paulatina em termos de qualidade. "Agora, é preciso conquistar mercado para esta disponibilidade maior de produtos", afirma.
Focada nas preferências dos brasileiros destas três regiões diferentes e no comportamento de consumo dos canais de distribuição de bebidas, o estudo será a base de todas as ações promocionais previstas pelo Ibravin este ano, com o objetivo de aumentar o consumo das bebidas derivadas de uva no Brasil. Uma das maiores surpresas do levantamento foi o grau de desconhecimento dos canais de venda de vinhos e espumantes. "Imaginávamos que a falta de informações era só dos consumidores, mas não, a pesquisa demonstrou que temos de agir também junto ao varejo, pontos- de-venda e distribuidores", disse Paviani
O estudo aponta duas armas fundamentais para alavancar as vendas dos vinhos finos nacionais. A primeira é a realização de campanhas de propaganda junto aos consumidores para trabalhar a imagem do vinho brasileiro, ainda vítima de um preconceito que não condiz com a sua crescente qualidade e reconhecimento internacional, comprovado por mais de 1.700 premiações no mundo inteiro. A segunda é desmistificar e desglamourizar o consumo de vinho, afastando a ideia de que é uma bebida para momentos especiais, o que restringe o consumo.
Na sua condição de mercado com tradição de consumo, Porto Alegre se destaca como a cidade que é menos influenciável por qualquer fator nas vendas. São Paulo atribui uma influência maior se trabalhados os incentivos à comercialização. Já Recife se diferencia em reconhecer que ações de informação e divulgação, além de estratégias de inovação, podem incrementar as vendas. Conforme a pesquisa, Porto Alegre é a região mais receptiva a novos esforços de divulgação e promoção do vinho brasileiro. A Capital gaúcha possui o índice de consumo per capita mais alto do Brasil - com 3,8 litros por pessoa ao ano.
Veículo: Jornal do Comércio - RS