Moeda americana valorizada reduz importações de bebidas e favorece venda do produto nacional
Os brindes das festas de fim do ano no país terão mais espumantes e vinhos gaúchos. Conjugado à evolução da qualidade da bebida nacional e ao trabalho de promoção do setor, a alta do dólar em 2013 colocou um freio nas importações e abriu espaço para vinícolas do Estado ganharem mercado.
As estatísticas do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) mostram que, de janeiro a setembro deste ano, enquanto subiu a venda de espumantes e vinhos finos elaborados no Rio Grande do Sul, houve recuo no sentido inverso do comércio. Nos últimos 10 anos, é apenas a segunda vez que cai a entrada das bebidas estrangeiras no país.
Com o repique do dólar no começo do mês, após algumas semanas de baixas, a tendência é que a indústria local tire ainda mais proveito da situação. A moeda americana fechou ontem a R$ 2,335, com alta acumulada de 14,27% no ano.
– A concentração de vendas de espumantes é no último trimestre. Cerca de 60% da comercialização ocorre no final do ano. Também aumenta a venda de vinhos para cestas de presentes – diz a gerente de promoção do Ibravin, Andréia Milan.
A situação tem significado alívio principalmente para os vinhos, que há mais de uma década sofrem com a enxurrada de rótulos do Exterior. Para o presidente da Associação Brasileira dos Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas, Adilson Carvalhal Junior, é natural a retração dos desembarques com um dólar alto por deixar o produto estrangeiro mais caro para o consumidor brasileiro. Mas a queda no ingresso das bebidas também seria resultado de outros fatores.
– Ano passado houve ameaça de salvaguarda, então se importou um pouco mais. E também aconteceu uma depuração do mercado. Muitos acharam que era fácil importar e vender vinho no Brasil – afirma Carvalhal.
Mas enquanto setores da indústria sentem-se aliviados pela recuperação do câmbio, para os consumidores fica a dúvida sobre como a alta do dólar pode impactar as compras. Por enquanto, o varejo sustenta que os preços de produtos importados ou que são fabricados com um grande número de insumos adquiridos nos Exterior não devem sofrer remarcações. A justificativa de lojistas e supermercadistas é que as mercadorias já foram compradas e não seriam influenciadas pela alta recente da moeda americana.
– Não há perspectiva de majoração. E a concorrência está muito forte – diz Vilson Noer, presidente da Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo.
Para Rodrigo Zeidan, professor de economia e finanças da Fundação Dom Cabral, não é possível eliminar a possibilidade de repasses ao consumidor. O espaço para aumentos, avalia o especialista, dependeria do grau de concorrência em determinado setor ou região ou do tamanho dos estoques disponíveis dos produtos. Em relação ao câmbio, Zeidan ressalta que a oscilação dependerá dos movimentos do mercado internacional:
– Não esperaria uma volatilidade gigantesca até o final do ano.
Veículo: Zero Hora - RS