Por Diogo Martins | Do Rio
As medidas que serão adotadas pelo governo para aumentar impostos de bebidas precisam ser simples e previsíveis. A afirmação é do presidente da Ambev, João Castro Neves, que teme o impacto que o aumento tributário pode ter nos produtos da empresa, que fabrica 29 marcas de cervejas, refrigerantes, isotônicos e energéticos.
O governo pretende aumentar os impostos de bebidas frias - cervejas, refrigerantes, isotônicos e refrescos - no dia 1º de setembro. O reajuste, cujo percentual ainda será anunciado, será feito de maneira escalonada. Neves afirmou que é preciso que o setor de bebidas e o governo encontrem um "ponto de equilíbrio" que vigore por três ou quatro anos. O executivo refere-se à magnitude da elevação dos impostos e ao período em que a medida entrará em vigor.
Em maio, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o imposto era calculado com base em uma tabela de preços médios praticados no varejo. Essa tabela não é atualizada há pelo menos dois anos e é sobre esses preços que governo e empresas divergem.
"Impacto de imposto sempre tem, ou seja, um possível aumento [no preço final da bebida]. O governo federal vai em algum momento chamar o setor para conversar, e essa conversa vai determinar o que vai acontecer", afirmou o presidente da Ambev, após anúncio de investimento de R$ 180 milhões na construção de um centro de inovação e tecnologia no Rio.
Neves disse que o setor de bebidas é mais onerado que a média da indústria e que o aumento de tributos poderia prejudicar a produção. Por outro lado, segundo o governo, a alta nos tributos em bebidas é necessária para aumentar a arrecadação e assim permitir o superávit primário de R$ 80,8 bilhões para o governo central, ou 1,55% do Produto Interno Bruto (PIB).
Questionado sobre os investimentos da Ambev, Neves disse que eles se manterão em R$ 2,8 bilhões no ano. Na semana passada, a companhia comunicou que os investimentos no país neste ano ficariam abaixo do patamar de R$ 2,8 bilhões aplicados em 2013. No trimestre anterior, a Ambev já admitia rever seus planos de investimentos em razão do aumento de impostos. "Anunciamos algo em torno de R$ 3 bilhões. Na verdade, para ser mais preciso, será algo próximo a R$ 2,8 bilhões. Nossos investimentos serão recordes em nosso parque fabril e na área comercial", acrescentou.
Veículo: Valor Econômico