Sucessivas altas no câmbio da moeda americana apontam cautela do empresariado, que aposta na tradição do Natal e do Réveillon para a elevação da venda da bebida ao longo de dezembro
Em meio às sucessivas altas no câmbio do dólar comercial, a expectativa das importadoras de vinhos exige cautela. Se a moeda americana, que foi a R$ 2,72, seguir em tendência de alta, o valor dos rótulos pode subir até 50% em 2015.Para o diretor comercial da PNR Import, Cédric Grelin, a disparada do dólar não trará impacto imediato ao mercado de vinhos, mas sim no futuro. "Algumas importadoras reajustaram os preços que anualmente costumam avançar de 20% a 30%", disse.
Ao longo de 2015, no entanto, o analista prevê impacto maior. "Com o dólar em alta podemos esperar um aumento de no mínimo 20% nos preços no longo prazo."Neste momento de forte flutuação cambial, avalia o analista, vão se destacar as importadoras que mantiveram os estoques e que poderão oferecer preços mais competitivos. "No longo prazo podemos esperar o fechamento de várias importadoras pequenas. Esse movimento deve impulsionar a procura por novas produtoras nacionais, o que acarretará em queda da diversidade da oferta no mercado."
Cautela
"A oscilação cambial é um fator de alta instabilidade no mercado de importados, pois se repassamos o aumento que tivemos, as vendas param até o mercado se acostumar, e aqueles que tiverem muito estoque em euro e dólar mais barato acabaram com seus produtos", pontua o proprietário da importadora Vino & Vinos, Hildebrando Lacerda.
A empresa prevê um dezembro, no mínimo, estável ante o mesmo período de 2014. "As vendas deste ano foram as mais desanimadoras dos últimos três anos. A sucessão de eventos e os feriados prolongados levaram um resultado negativo para o comércio em geral", avalia Hildebrando, que aponta: "as vendas de fim de ano representam 35% do movimento anual". Caso o mercado não responda às expectativas, a previsão do empresário é de perdas entre 3% e 4%.
"Nossa expectativa é positiva após sete meses, onde o período de férias, carnaval e a Copa do Mundo influenciaram para registros negativos. Agora a tendência é de melhora", diz o proprietário da importadora W&W Wine, Wilson Felipe.
Segundo o empresário, o fluxo de final de ano é 100% maior que o visto mensalmente. "As vendas de final de ano atingem 20% do volume anual", frisa Wilson, que mantém o realismo. "O câmbio influência demais quando não se coloca muito definido, mas outro entrave que temos são os altos impostos", completa.
Superotimismo
Para o proprietário da Premium Drinks Brasil, Ruy Belchior, a expectativa é superar os resultados anteriores e finalizar o ano com alta mínima de 250% em vendas, em relação ao ano passado. "A época de festividades aumentam em média 40% as vendas. Acreditamos num crescimento de 60% com a chegada do verão", destaca Ruy, lembrando que, até o início de dezembro as vendas cresceram 200%.
"Temos um pagamento do câmbio antecipado. Não conseguimos calcular um valor final exato, para lucrarmos sobre o produto", finaliza Ruy.
"As vendas de final de ano são cerca de 20% do faturamento total da empresa, sendo incrementadas pela busca dos espumantes", diz a executiva da importadora Barrica Negra, Giovanna Sanguinetti.
No mercado desde 2011, a importadora, que detém a Vinícola Fermasa, em Mendoza, na Argentina, mantém o otimismo. "Desde o início de nossas atividades prevíamos alta de 10%, e em 2014 esperamos atingir mais de 15% de elevação nas vendas", disse.
Veículo: DCI