Crescimento da Dafruta está estimado em 100%

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Alheia à crise, como boa parte das empresas do setor de alimentos, a Dafruta Indústria e Comércio S/A, fabricante de sucos de frutas com unidade fabril em Araguari, no Triângulo Mineiro, faturou R$ 118 milhões em 2008, 34% acima da receita de 2007. Com participação de 20% do mercado de sucos concentrados e de 4% dos "prontos para beber", a empresa prevê ampliar em 30% a receita em 2008 e em 100% nos próximos três anos. O balanço de 2008 ainda não foi consolidado.

 

Segundo um dos sócios da Companhia Brasileira de Bebidas (CBB), Romildo Tavares de Melo, holding pernambucana que detém 53% do controle da Dafruta, mesmo com a previsão de desaceleração no consumo, é esperado crescimento de, no mínimo, 30% em 2009. "Existe uma tendência de aumento da demanda por bebidas saudáveis. Esse público continuará comprando, apesar do cenário. Essa é a nossa aposta para driblar os efeitos da crise", afirmou.

 

A cada ano novas marcas, sabores, composições e embalagens de sucos prontos surgem nas prateleiras dos supermercados. "O momento é bom, pelo menos é o que mostram as pesquisas da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não-Alcoólicas (Abir)", disse.

 

Produção - Sobre um possível aumento no volume de produção em 2009, Tavares afirmou que a ideia é manter a média produzida em 2008, "uma estratégia de cautela em um cenário econômico incerto". Ainda assim, considerou ele, podemos fabricar até 30% a mais em 2009 frente 2008, "caso haja aumento de demanda".

 

Nessa linha, uma das grandes vantagens que garantirão estabilidade aos negócios é a aquisição da matéria-prima em território nacional. Segundo Tavares, isso protege a empresa de prejuízos com a valorização do dólar. "O maracujá e a manga são de Minas Gerais, o caju do Nordeste e a uva do Sul do país", informou.

 

Com relação à valorização do dólar sobre o real, o empresário afirmou que esse cenário estimula a presença da Dafruta no mercado externo. Em 2008, a Dafruta exportou 30% de sua produção para os Estados Unidos, Europa e Ásia. "Neste ano, mesmo com a crise, vamos manter esse percentual", explicou.

 

Planta - Com área total de 13 mil metros quadrados, a fábrica instalada em Minas Gerais gera 100 empregos diretos e responde por 30% do volume total produzido pela marca. O volume não foi revelado por questões estratégicas. Além da planta no Triângulo Mineiro, a Dafruta possui uma unidade fabril em Aracati, no Ceará, região Nordeste do Brasil.

 

No total, são gerados 400 empregos diretos e a capacidade instalada é de 100 milhões de litros/ano. "A produção em 2008 correspondeu por 60% a 70% do potencial", disse. A Dafruta comercializou, segundo estimativas, cerca de 70 milhões de litros no ano passado.

 

Panorama - A expectativa de economistas e analistas do setor de varejo e alimentos é de que as vendas domésticas desse tipo de produto demorarão mais para sentir os efeitos da falta de liquidez. As perspectivas para 2009 apontam para um leve crescimento ou estabilidade das vendas internas do setor de alimentos, considerado como um dos poucos blindados contra o quadro econômico desfavorável. A avaliação é de que a crise só chegará à indústria alimentícia em caso de aumento significativo do desemprego e queda na renda.

 

Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), bebidas, alimentos, perfumaria e limpeza representam 77% das vendas dos supermercados. A alta correlação entre o comportamento do setor de alimentos e o crescimento do PIB ocorre porque a demanda por alimentos apresenta baixa elasticidade, o que significa que ela é menos influenciável por fatores extraordinários.

 

Para o curto prazo, portanto, não há expectativa de corte no consumo de alimentos, nem mesmo de produtos de valor agregado mais elevado, como derivados de leite. Segundo especialistas, a tendência é que, impossibilitados de comprar produtos de valor mais elevado, dependentes do crédito, os consumidores façam esforços para, pelo menos, manter o seu padrão atual nos itens não duráveis este ano.

 

Oportunidade - A indústria alimentícia, inclusive, vê na crise uma boa oportunidade para elevar o faturamento. Para o varejo de uma forma geral, o diretor da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, consultoria especializada em varejo, Eugênio Foganholo, aponta desaceleração em 2009, mas destaca que os supermercados devem segurar o desempenho do setor. "Os supermercados devem registrar um dos melhores desempenhos do varejo este ano", prevê.

 

Em caso de agravamento do cenário de desaceleração da economia, Foganholo admite que pode ocorrer algum contágio também nas vendas de alimentos a partir do segundo trimestre.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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