A Ambev vai investir menos no Brasil em 2016. Depois de expandir a capacidade de produção nos últimos anos, a companhia agora enfrenta um cenário de redução no volume de vendas no mercado local.
Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores da Ambev, Ricardo Rittes, embora o valor previsto para aportes neste ano seja menor que o realizado no ano passado, a cifra "ainda é da ordem de bilhão de reais".
"Teve ano no qual investimos mais, outros menos, mas ao olhar o nosso investimento [para 2016] ainda é da ordem de bilhão de reais", disse o executivo, em teleconferência com jornalistas ontem.
O capex (despesas de capital ou investimento em bens de capital) da Ambev no ano passado somou R$ 5,3 bilhões. No Brasil, os aportes ficaram em linha com o registrado em 2014, quando foram investidos R$ 3,1 bilhões.
Rittes lembrou que, como a companhia investiu na expansão da capacidade produtiva recentemente, a estrutura atual atende a demanda para os próximos anos.
No quarto trimestre, o volume de vendas da fabricante de bebidas somou 47,95 milhões de hectolitros, queda de 3,3% contra igual período de 2014. O tombo na categoria de refrigeNanc (não alcoólicos) foi mais intenso com perda de 10,3% no período. Já as vendas de cervejas recuaram 0,7% quarto trimestre de 2015.
Já no acumulado do ano passado, as vendas da companhia registraram volume 1,6% menor, com refrigeNanc perdendo 6,7% ante 2014 e cervejas com ligeira alta de 0,4%.
"Em RefrigeNanc no Brasil, enquanto a indústria [de bebidas] esteve sob forte pressão devido ao difícil ambiente de consumo, fortalecemos nossa estratégia de embalagens econômicas, o que nos levou a uma participação de mercado recorde e um crescimento de Ebitda de um dígito alto", destacou a Ambev, em relatório.
O volume de vendas em garrafas retornáveis dobrou no quarto trimestre do ano passado e os executivos da companhia seguem apostando no formato como parte da estratégia de vendas para 2016.
No negócio de cervejas, as marcas premium da fabricante continuaram avançando e no quarto trimestre responderam por 10% do volume de cervejas no período. O segmento near beer, que em tradução livre quer dizer 'próximo da cerveja', também registrou crescimento nos últimos meses de 2015, com participação de 1% no total do negócio de cervejas.
A receita líquida da companhia totalizou R$ 46,72 bilhões no ano passado, o equivalente a crescimento reportado de 22,7% frente ao ano anterior. Na mesma comparação, o lucro líquido ajustado avançou 6,3% para R$ 13,24 bilhões.
Perspectivas
Para 2016, a companhia continua trabalhando com um "cenário macroeconômico adverso no Brasil, com impacto significativo na renda disponível dos consumidores". A Ambev projeta alta de um dígito médio e um dígito alto no ano da receita líquida nas operações no País este ano, com um fraco desempenho no primeiro trimestre de 2016.
"Esperamos que o custo por produto vendido (CPV), excluindo depreciação e amortização, no Brasil cresça entre 13% e 17% no ano, explicado, principalmente, pelo impacto de desvalorização do real durante 2015, parcialmente compensado por economias em suprimentos", detalhou a companhia, em relatório.
A política de reajuste de preços de produtos segue inalterada, informou o diretor financeiro da empresa. "Vamos continuar repassando a inflação e qualquer aumento de imposto tanto no âmbito estadual como federal", disse.
Veículo: Jornal DCI