O objetivo inicial da nova entidade é combater a desinformação que cerca o segmento"
As quatro grandes indústrias de suco de laranja que dominam as exportações brasileiras e mundiais do produto - as nacionais Cutrale, Citrosuco e Citrovita, além da múlti francesa LD Commodities - decidiram criar uma nova entidade que as represente em suas demandas domésticas e internacionais. Ainda sem nome definido e com estatuto a ser registrado nos próximos dias, a associação que está sendo criada será presidida por Christian Lohbauer, que já deixou a diretoria executiva da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), onde permaneceu por três anos. "O objetivo inicial da nova entidade é combater a desinformação que cerca o segmento", disse Lohbauer ao Valor.
Com a extinção da Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus), no ano passado, as indústrias, normalmente arredias a entrevistas e pouco transparentes na divulgação de seus negócios, tornaram-se mais vulneráveis em debates internos e externos. Na frente doméstica, o segmento enfrenta, por exemplo, investigações sobre uma suposta formação de cartel; no campo internacional, o fim da Abecitrus prejudicou, entre outros pontos, as negociações para a derrubada de barreiras que ainda oneram o suco brasileiro, como as sobretaxas cobradas nos Estados Unidos. Foram divergências entre as grandes sócias que selaram o fechamento da Abecitrus. Criada em 1988 por iniciativa da Cutrale, a associação, presidida por Ademerval Garcia, chegou a ter 30 membros em 1993, antes da consolidação do mercado. De 2005 a 2008, apenas a Cutrale permaneceu na entidade. De janeiro a março do ano passado, as exportações brasileiras de suco de laranja alcançaram 488,2 mil toneladas e renderam US$ 430,1 milhões, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pelo Ministério da Agricultura.
A receita recuou 15,1% em relação a igual intervalo do ano passado, em parte pelos baixos preços do produto no mercado internacional. A participação do Brasil nas exportações globais de suco gira em torno de 80%. O principal concorrente do país são os Estados Unidos, onde as indústrias brasileiras mantêm ativos e representam pelo menos 30% da produção, além de acordos de fornecimento com grandes grupos fabricantes de bebidas como Coca-Cola e Pepsi. A queda das cotações internacionais du suco, como já informou o Valor, decorre de uma demanda que se mais restrita com a multiplicação de bebidas concorrentes, como águas com sabor, sucos prontos e néctares, mais variadas e baratas.
Veículo: Valor Econômico