As negociações da Diageo para a compra de uma participação na United Spirits da Índia não estão progredindo, uma vez que os dois lados não conseguem chegar a um acordo sobre os detalhes. A informação foi dada na sexta-feira por um executivo da Diageo, o que levou a uma queda de 8% no preço da ação da United Spirits.
"Estamos negociando, mas ainda não conseguimos chegar a uma estrutura que seja favorável para os dois lados", disse John Pollaers, presidente da Diageo Ásia Pacífico, em entrevista à agência Reuters. "Não devemos assumir que isso vai levar a uma transação completa".
A Diageo, maior fabricante de bebidas alcoólicas do mundo, disse em novembro considerava uma parceria com a United Spirits, para aumentar sua participação em um dos mercados de bebidas alcoólicas que mais cresce em nível mundial.
A companhia indiana, terceira maior do setor no mundo em volumes produzidos, disse que estava disposta a oferecer à Diageo uma participação de mais de 15% e uma representação em seu conselho de administração. Ao atual valor de mercado da United, de US$ 1,35 bilhão, a fatia de 15% custaria à Diageo pelo menos US$ 200 milhões.
"Os dois lados são negociadores decididos e houve problemas quanto ao preço e à estrutura do negócio", disse Amnish Aggarval, vice-presidente de análises da corretora Motilal Oswal, de Mumbai. Um porta-voz da United Spirits em Mumbai não quis comentar em que pé estão as negociações. A ação da United Spirits chegou a cair 7,3%, para 662,50 rúpias, na tarde de sexta-feira.
Se as duas companhias chegarem a um acordo, o negócio contribuiria alvoroçar ainda mais o atual momento de fusões e aquisições na Ásia. Na quinta-feira, a Anheuser-Busch InBev acertou a venda de sua subsidiária sul-coreana Oriental Brewery para a Kohlberg Kravis Roberts (KKR) por US$ 1,8 bilhão.
Pollaers disse que a Diageo, dona do uísque Johnny Walker e da vodca Smirnoff, entre outras 200 marcas de bebidas alcoólicas, vem crescendo a uma taxa de "dois dígitos" na Índia, e que deverá continuar crescendo muito mesmo sem a United Spirits. "Somos muito otimistas com as nossas possibilidades de crescimento orgânico na Índia", disse Pollaers. "Estamos negociando, mas o nosso negócio é forte por si só". A Diageo estima que a Índia estará respondendo por 10% do mercado global de bebidas alcoólicas até 2020, enquanto a China terá participação de 40%.
Veículo: Valor Econômico