Marília ganha até robôs para reforçar vendas no interior paulista
A Spaipa, fabricante e distribuidora de produtos da Coca-Cola para o Paraná e parte do interior de São Paulo, intensificou nos últimos anos os investimentos em suas três fábricas e deu um gás nas vendas e resultados. Se, em 2003, tinha capacidade para fazer 13 milhões de caixas de refrigerantes por mês, em 2009 ela pode fazer o dobro. Na mesma comparação, o faturamento de lá para cá saltou de R$ 709 milhões para R$ 1,7 bilhão. Para 2009, o crescimento previsto para as receitas é de 15%, e outros R$ 70 milhões serão usados nas áreas de produção, venda e logística.
Ontem a empresa inaugurou em Marília (SP) uma das fábricas mais modernas da Coca-Cola no Brasil. Após investimentos de R$ 86 milhões, a unidade tornou-se a terceira do país em capacidade instalada - perde apenas para as de Jundiaí (SP) e de Jacarepaguá (RJ). Executivos da Spaipa circularam pelos corredores da fábrica e apresentaram aos convidados uma estrutura com alto nível de automação, que usa os robôs vistos na indústria de automóveis para a movimentação de embalagens de refrigerantes.
Em Marília, a Spaipa tinha três linhas de produção, uma de vidro e duas de garrafas PET. Agora, conta com outras duas, uma para latas e outra para PET retornáveis, uma das apostas da empresa para conquistar clientes de menor renda, que passam a pagar pelo líquido, não pela embalagem. "Estamos com bons volumes de venda e o tempo nos ajuda", disse o presidente do conselho de administração, Daniel Herbert, sobre o calor que fazia no interior de São Paulo. Segundo ele, para 2009 está previsto crescimento de 5,5% no volume de vendas, pouco menos que os 6,5% de aumento registrados em 2008, porque o desempenho depende, em parte, da variação do PIB do país.
Reforçar a presença no interior de São Paulo é visto como fundamental para atingir as metas. A empresa diz ter cerca de 50% de participação de mercado na região. No Paraná, onde possui fábrica em Curitiba e Maringá, a Spaipa conta com 60% de participação do mercado. "Esta fábrica é estratégia do ponto de vista logístico", afirma Mário Veronezi, superintendente industrial, sobre a facilidade de acesso aos municípios paulistas e também do interior do Paraná por meio de Marília. Com a ampliação, a unidade ficou com capacidade de produção de 156 milhões de caixas de bebidas por ano, metade do volume total da empresa e o mesmo volume fabricado pela empresa em 2008 nas três fábricas que possui.
Ao todo, a Spaipa tem estrutura para fazer 314 milhões de caixa, ou cerca de 1,8 bilhão de litros de refrigerantes por ano - ela também tem uma unidade de água mineral em Bauru (SP) e faz distribuição de cerveja. Mas é em Marília que estão as principais novidades. Além da instalação de robôes, a Spaipa inaugurou no local a produção das chamadas tampas reduzidas, ou short finish, mais curtas e econômicas porque levam menor quantidade de resina na tampa e na embalagem. A redução é de 1,4 grama de material plástico por garrafa, o que resulta em economia de 168 toneladas de resina por ano em uma das linhas de produção.
Também em Marília, a empresa decidiu usar o PET retornável de 1,5 litro, que foi testado primeiro em Bauru e, atualmente, também é vendido em outros municípios do interior de São Paulo. Além disso, na unidade há o melhor aproveitamento de água entre as franqueadas da Coca no país. No Brasil, para produzir cada litro de refrigerante são usados em média dois litros de água, enquanto em Marília usa-se 1,5 litro, porque a empresa aproveita água de chuva e investiu em tratamento.
Rino Abbondi, vice-presidente de Técnica e Logística da Coca-Cola, contou que a meta para a empresa, no Brasil, é aumentar o uso da tampa curta dos atuais 5% para 25% até o fim do ano e, em 2010, chegar a 100% nas 16 franqueadas da marca. Segundo ele, a companhia também vai estimular o uso de embalagens retornáveis, que hoje chegam a 12% no país - na Spaipa, as retornáveis respondem por 17% e a meta é ampliar para 25% a 30% no curto prazo.
O desempenho recente da Spaipa tem a ver com uma ampla reestruturação feita no início de sua história. A empresa foi fundada em 1995 a partir da fusão de três franqueadas: Paraná Refrigerantes, Refrigerantes Bauru e Rio Preto Refrigerantes. Juntas, as três tinham dez fábricas, mas apenas três foram mantidas. Hoje, os sócios são a PRSA Participações, a Bascar Holding e a RB Investimentos, formadas por famílias que estavam na estrutura anterior. Se, no início, foi preciso enxugar a estrutura e os custos, agora o alvo está no crescimento com resultado. Herbert, um dos sócios, afirma que a crise não atrapalha os planos e garante que está acostumado com as variações do dólar, que têm impacto no preço do açúcar e das embalagens. Por isso, espera em 2009 ao menos repetir o lucro líquido de 2008, de R$ 160 milhões.
Veículo: Valor Econômico