Minas Gerais lidera a produção nacional de cachaça de alambique (artesanal), com produção de 260 milhões de litros/ano, o equivalente a 60% da produção nacional. O Estado possui cerca de 9 mil alambiques.
Uma das formas de agregar valor ao produto é fazer o seu envelhecimento utilizando barris de madeira certificada, o que confere à bebida melhores sabor, aroma e cor. Com isso, a cachaça aumenta sua competitividade no mercado externo junto a bebidas de outros segmentos, a exemplo dos conhaques, tequilas e uísque.
Este será um dos temas do ciclo de palestras organizado pela 12ª Expocachaça, dentro da programação da Superagro 2009, que será realizada de de 27 de maio a 7 de junho no complexo Parque de Exposições da Gameleira/Expominas, em Belo Horizonte.
O professor de Biotecnologia da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Rogelio Brandão, um dos organizadores da pauta das palestras, explica que os produtores brasileiros interessados em utilizar o barril mais adequado - o de carvalho - podem fazer a importação destes equipamentos, que hoje custam entre R$ 600 e R$ 800 a unidade, procedentes dos Estados Unidos. Isto porque o Brasil ainda não possui um programa de certificação de madeiras.
Um barril reutilizado, mas sem origem determinada, custa em torno de R$ 450 a unidade. O diretor de Marketing da Expocachaça, José Lúcio Mendes, alerta, entretanto, que este vasilhame de armazenamento não é indicado, pois pode vir a constituir empecilho na comercialização para exterior, uma vez que sua madeira não possui rastreabilidade.
O objetivo da palestra será o de sensibilizar os produtores para essa mudança no processo de envelhecimento do produto. Para isso, os organizadores da Expocachaça contam com a participação, na feira, da empresa chilena Tonelaria Nacional, que fará demonstrações do uso dos barris, processo com o qual se destaca no mercado mundial. "Com o uso da madeira adequada, a cachaça brasileira poderá ganhar status de bebida fina no exterior. Atualmente, apenas a cachaça não envelhecida tem sido comercializada com maior intensidade no mercado externo, e ainda assim usada como ingrediente para a preparação da caipirinha", argumenta Brandão.
Câmara - A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) criou uma Câmara Técnica da Cachaça de Alambique Artesanal no Conselho Estadual de Política Agrícola (Cepa). A Câmara dá suporte ao desenvolvimento da comercialização interna, exportação e pesquisa da bebida. Busca também medidas para combater o mercado informal da cachaça de alambique.
Atualmente, sobressai o trabalho para reduzir os tributos federais na atividade, um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento da cachaça de alambique em Minas. O que se pretende é a isonomia para os produtores artesanais, de forma que possam recolher o mesmo percentual cobrado aos produtores de cachaça industrializada, que é menor.
Veículo: Diário do Comércio - MG