A AB Inbev, gigante mundial de cervejas, adquiriu sua primeira vinícola sul-americana, a argentina Dante Robino, que tem cerca de 400 hectares de vinhedos, divididos entre Lujan de Cuyo, Barrancas e Santa Rosa, em Mendoza.
A compra foi realizada pela cervejaria Quilmes, subsidiária do grupo na Argentina. O valor da transação não foi revelado.
Em junho do ano passado, por meio da ZX Ventures, sua divisão global de inovação, a AB Inbev havia comprado a Babe Wine, empresa que comercializa vinhos em lata. Com sede em Nova York, a marca é um sucesso no mercado norte-americano.
Fundada pelo influenciador digital Josh Ostrovsky, conhecido como “The Fat Jewish”, e pelos irmãos David Oliver Cohen e Tanner Cohen, os vinhos Babe Wine são envazados na Califórnia e tem no público jovem os seus maiores consumidores.
“A aquisição da Dante Robino faz parte do plano da empresa de entender e estudar melhor o segmento de vinhos e de continuar com o crescimento do portfólio de marcas”, informou um porta-voz da AB Inbev, que é dona da Ambev, para a publicação inglesa The Drinks Business.
A nova aquisição, que ainda precisa ser confirmada pelas autoridades argentinas, mostra que a AB Inbev, forte no mercado de cervejas, busca amplicar o seu negócio para as bebidas alcoólicas em outros segmentos.
Um exemplo é que em 2016 a companhia já havia adquirido a Bon & Viv’s Spiked Seltzer, empresa norte-americana que produz bebidas que misturam vinho, cerveja e aromas naturais de frutas, e são envazadas em latas de alumínio.
Há interesse crescente da AB Inbev no vinho. Cerca de um ano e meio atrás, executivos da Ambev, o braço do grupo no Brasil, estudaram os custos de importação de vinhos para o mercado brasileiro. “Mas, aparentemente, eles desistiram ao entender um pouco melhor o nosso mercado”, conta um dos especialistas consultados na ocasião.
Com a compra da Dante Robino, um dos possíveis caminhos pode ser a aposta no vinho em lata, segmento crescente de consumo principalmente entre o público jovem. Dados da consultoria inglesa Wine Intelligence, estimam que o vinho em lata deva movimentar US$ 4,5 bilhões apenas no mercado americano em 2025.
“Em teoria, faz todo o sentido para a AB Inbev ter um vinho em lata para o mercado sul-americano”, analisa Felipe Galtaroça, sócio da Ideal Consulting. Mas ainda não é possível afirmar que este será o caminho da gigante das cervejas, que tem como acionista o 3G Capital, dos megainvestidores brasileiros Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herrmann Telles.
Por enquanto, sabe-se apenas que a ideia é continuar com a operação argentina e manter a equipe, hoje com 74 funcionários, incluindo a enóloga Maria Soledad Buenanueva. A informação foi dada por Martín Ticenese, presidente da Quilmes aos jornais argentinos.
Segundo a La Nacion, o executivo informou que a Dante Robino detém menos de 1% de participação no mercado doméstico do país e a ideia é dobrar ou até triplicar esta participação nos próximos dois anos.
Por aqui, os vinhos da Dante Robino são importados pela Grand Cru. São todos em garrafa, atualmente vendidos em promoção do site da empresa por R$ 44,94. Na última importação, foram trazidos 33 mil garrafas, pelos dados da Ideal Consulting.
Fonte: Newtrade