Alguns consumidores passaram trocar o champanhe por vinhos espumantes mais baratos e a Rémy Cointreau anunciou ontem queda de 40% nas vendas de suas marcas da bebida, afetada pelo que chamou de "condições mundiais difíceis de comercialização".
O segundo maior fabricante de bebidas destiladas da França atribuiu o declínio, mais agudo nas marcas de champanhe Piper-Heidsieck e Charles Heidsieck, a uma queda na demanda dentro da França e nos aeroportos mundiais. O segundo trimestre é tradicionalmente o mais fraco para a bebida.
As vendas de champanhe caíram para € 13,6 milhões no segundo trimestre, em relação aos € 22,5 milhões verificados no mesmo período de 2008. As vendas totais caíram 14%, excluindo efeitos cambiais, para € 138,6 milhões.
As vendas de conhaque, maior divisão do grupo, recuaram 15%, levando em conta taxas de câmbio constantes, e 4,5%, excluindo efeitos cambiais. A demanda manteve-se na China e o grupo também destacou que, nos Estados Unidos, o ponto positivo foi que as reduções de estoque dos atacadistas começaram a desacelerar-se. As vendas de champanhe são cíclicas e foram duramente afetadas pela crise financeira neste ano.
Em abril, a LVMH, maior casa de champanhe francesa, com marcas como Möet et Chandon e Veuve Clicquot, registrou declínio de 35% nas vendas da bebida no primeiro trimestre. O recuo sugere que os consumidores ainda evitam gastar na esteira da crise mundial, especialmente porque as vendas de vinho espumante, a alternativa mais barata, mantiveram-se.
As vendas de champanhe caíram 5% em 2008 na comparação com o ano anterior, enquanto as de vinho espumante subiram 1%, de acordo com números divulgados pelo grupo de pesquisas International Wine and Spirits Record.
"Parece-nos que a Rémy teve pior desempenho do que a indústria de champanhe em parte porque, mesmo há alguns meses, estavam falando em continuar adotando forte marcação de preços diante de uma das piores recessões desde a Segunda Guerra Mundial", disse um analista. Em junho, o CEO da Rémy Cointreau, Jean-Marie Laborde, disse que o grupo estava determinado a prosseguir com aumentos de preços, especialmente nos champanhes, onde almejava margem de lucro operacional de 12% "no médio prazo", em relação aos 8,6% registrados em 2008.
A Piper Heidsieck é a quarta maior marca de champanhe da França, em volume de vendas, atrás da Möet et Chandon, Veuve Clicquot e Mumm, da Pernod Ricard. A Rémy anunciou ontem que pretende "manter no longo prazo sua estratégia voltada ao alto padrão" e que investirá no desenvolvimento de suas principais marcas. Também espera que os novos acordos de distribuição colocados em vigor neste ano permitam-lhe "resistir ao cenário de dificuldade econômica afetando alguns de seus mercados".
Veículo: Valor Econômico