Bebidas: Notícias no Japão indicam possível união com a Suntory, criando grupo com receita de US$ 41 bi
As ações das cervejarias japonesas avançaram ontem em meio a notícias de que a Kirin, segunda maior do país no setor, estaria em negociação de fusão com a rival menor Suntory, acordo que criaria um grupo de alimentos e bebidas com vendas combinadas de 3,82 trilhões de ienes (US$ 41 bilhões).
A Suntory, de capital fechado, divulgou que "sempre considera várias possibilidades de fusão, mas que não era verdade estar procedendo em direção [a uma fusão com a Kirin]". A Kirin não quis comentar as notícias.
A possibilidade ajudou a impulsionar as ações da Kirin em quase 8%, mesmo com o restante do mercado em queda ontem. Os papéis da Kirin valorizaram-se 6%, para 536 ienes, e os da Asahi Breweries, 2,5%. O índice Nikkei, referencial das ações japonesas, fechou ontem em baixa de 2,6%.
A fusão entre Kirin e Suntory não criaria apenas a maior cervejaria do Japão. Também formaria um gigante mundial no setor de bebidas e alimentos, com receita superior à da Anheuser-Busch InBev, € 16 bilhões, e da Coca-Cola, US$ 31,9 bilhões.
A Kirin fez uma série de aquisições nos últimos anos. Comprou a National Foods, dona de uma importante marca de sucos na Austrália e, por meio desse negócio, a Dairy Farmers, um dos maiores produtores de laticínios no país.
A cervejaria japonesa também controla 48% da San Miguel Beer, das Filipinas, e está comprando as ações que ainda não tem da Lion Nathan, da Austrália. Analistas disseram que a combinação entre Kirin e Suntory criaria uma empresa com quase o triplo da receita da Asahi, líder de mercado no Japão.
"Nem a Kirin, nem a Suntory estão com problemas em suas operações, portanto o fato de estudarem uma fusão colocará muita pressão nas outras, que enfrentam um cenário similar ou pior", observou Katsunori Tanaka, analista do Goldman Sachs.
A Suntory possui uma marca forte em Xangai, que poderia reforçar as ambições regionais da Kirin, segundo Yoshiyasu Okihira, analista do Credit Suisse.
Embora o mercado de cerveja japonês seja rentável para as principais cervejarias, o setor encolhe à medida que a população envelhece e os jovens optam por outras bebidas, como o vinho.
O analista do Goldman destacou que uma fusão também beneficiaria o segmento de refrigerantes de ambos os grupos, que sofrem com excesso de concorrência. "A estratégia de crescimento de longo prazo é internacional e a chave para isso é [descobrir] como tornar as operações domésticas [incluindo refrigerantes] uma fonte confiável de lucros", disse Tanaka. Kirin e Suntory - que, para reduzir custos, já cooperam em operações de distribuição e compra - teriam participação de 31% no mercado de refrigerantes no Japão, à frente da Coca-Cola, atual líder, com 29%.
Veículo: Valor Econômico