Os efeitos da venda da Maguary no mercado de sucos concentrados

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Jandaia investe em novos sabores para enfrentar a líder Ebba e Milani suspende a produção
 
 
 
Depois da compra da Maguary pela Dafruta, em março, o mercado de sucos concentrados, que esteve no limbo por quase duas décadas, vive agora uma onda de novidades. A Sucos Jandaia, segunda marca mais vendida no mercado, prepara o lançamento de novos sabores como cajá e açaí, para setembro e novembro respectivamente. A atual líder, a Empresa Brasileira de Bebidas e Alimentos (Ebba, ex-Companhia Brasileira de Bebidas e dona da marca Dafruta), também tem produtos novos para vender. Já a Milani resolveu sair da raia: suspendeu a produção de concentrados.

 

"A marca Maguary sempre foi líder em concentrados. Mas desde que passou a ser gerida por multinacionais, como a Kraft e a Souza Cruz, os produtos da empresa estacionaram no tempo", explica Adalberto Viviani, consultor especializado em bebidas. Com o desenvolvimento do setor de sucos prontos, a partir dos anos 90, o mercado de concentrados estagnou de vez. Tanto que, há pelo menos cinco anos, as vendas da categoria, não variam muito além da casa dos 630 milhões de litros. "Por todos esses anos, o consumidor ficou sem ver novidades", diz José Gil Alvarez, diretor comercial da Ebba, se referindo aos concentrados.

 

Nos primeiros cinco meses deste ano, as vendas em volume dos sucos concentrados até caíram. Segundo a Nielsen, houve retração em volume de 2,4%, enquanto as vendas de sucos prontos subiram 9,4%. Para quem é leigo no assunto, pode até parecer que o suco pronto esteja roubando mercado do concentrado e que seu destino será sumir das prateleiras. Mas não é bem isso o que acontece, segundo Filipe Aboláfio, coordenador de pesquisas especiais da Nielsen.

 

"De todos os lares que consomem sucos prontos regularmente, metade também compra o concentrado", afirma. Além disso, segundo o diretor comercial da Sucos Jandaia, Luis Eduardo Figueiredo, há o fator econômico - que continua sendo um grande trunfo para que a indústria impulsione as vendas do segmento.

 
 
"O suco concentrado é a bebida de fruta mais barata do país. Uma garrafa de concentrado de caju, por exemplo, é o suco mais barato do Brasil. Com R$ 2 o consumidor faz 5 litros", declara.

 

A retomada da Maguary pela família pernambucana Tavares de Melo, que fundou a marca em 1953 (em 1984 a empresa passou para o controle da Souza Cruz, depois Nabisco e, ultimamente, a Kraft Foods do Brasil), agitou o mercado. "Já estamos preparando novos lançamentos para fazer frente a essa nova realidade, já que a Ebba, com a Maguary, ficou com quase metade do mercado", diz o executivo da Jandaia.

 

Entre setembro e novembro deste ano, a Jandaia colocará no mercado os novos sabores cajá e açaí de sucos concentrados. Também prepara o lançamento da versão em caixinha Tetra Pak de 500 ml com tampa de rosca. "Será um produto 15% mais barato que o atual", diz Figueiredo. Assim, a cearense Jandaia, que tem 33% do mercado, quer passar de um faturamento de R$ 140 milhões no ano passado para R$ 148 milhões até dezembro.

 

A Ebba, por sua vez, quer crescer em 23% seu volume de vendas em suco concentrado este ano. O segmento ainda é o mais importante dentro da companhia, representando 70% do total de litros vendidos. Para tanto, lançará a versão com mistura de frutas.

 

Enquanto isso, a paulista Milani resolveu deixar a briga para seus concorrentes. Parou no mês passado de produzir toda a linha de sucos concentrados, que já sumiu de muitos supermercados. Só continua produzindo e vendendo a marca Maraú, de suco pronto, além da groselha. Segundo a empresa, a sazonalidade nas vendas, junto com a alta do preço do maracujá e compra da Maguary pela Ebba, fizeram o negócio não compensar mais.

 

De fato, a entressafra do maracujá e pragas que atingiram as lavouras fizeram o preço da fruta (que responde por 28% das vendas de suco concentrado) pular de R$ 0,40 para R$ 1,10 o quilo, para a indústria. Mas a sazonalidade, que já foi até de 30% (para mais no verão e para menos no inverno), já não é mais tão expressiva e fica hoje entre 12% e 15%, segundo especialistas do setor. Segundo fontes do setor, a Milani estaria enfrentando problemas de caixa. A empresa nega ter qualquer problema financeiro.

 

De qualquer forma, a empresa destoa da boa performance que vive o setor de sucos no país. Embora tenha tido queda em volume, as vendas de sucos concentrados cresceram 5,6% em faturamento este ano (entre janeiro e maio), com a alta do preço de algumas frutas (o maracujá principalmente).

 

Os sucos prontos estão em franca expansão: no mesmo período, o volume aumentou 9,4% e o faturamento, 14,5%, somando R$ 823 milhões. No ano passado, o setor - liderado pela Coca-Cola, com a marca Del Valle - faturou R$ 1,457 bilhão, superior aos R$ 1,359 bilhão de 2007. Pela primeira vez, a categoria faturou mais que o segmento mais popular no país, o de sucos em pó. No ano passado, os refrescos de envelopinhos venderam R$ 1,429 bilhão. Sucos prontos, entretanto, estão em 51,3% dos lares. Os em pó, em 90,01%.
 


Veículo: Valor Econômico


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