A Davide Campari-Milano, famosa por seu aperitivo vermelho agridoce, anunciou lucro semestral dentro das estimativas dos analistas, sustentada pela valorização do dólar e pelas operações recém-adquiridas do uísque bourbon Wild Turkey.
O lucro líquido teve pouca variação e somou € 60,1 milhões, segundo comunicado divulgado ontem, pela companhia, com sede em Milão. A receita subiu 2,5%, para € 441,8 milhões, com as aquisições e os benefícios cambiais compensando o declínio de 3% nas vendas orgânicas, que contam apenas as operações que já existiam há um ano.
A Campari comprou o Wild Turkey, bourbon de primeira linha mais vendido nos Estados Unidos, da Pernod-Ricard, para expandir-se no país, que é o mercado de destilados mais lucrativo do mundo. As vendas nos Estados Unidos caíram 15,1%, excluindo os efeitos cambiais, enquanto os varejistas no Brasil continuaram reduzindo os estoques. As vendas orgânicas no mercado brasileiro recuaram 21%, afetadas também pela desvalorização do real.
Segundo a empresa, a queda de 6,6% das vendas globais da marca Campari, levando em conta taxas de câmbio constantes, foi "quase inteiramente" decorrente da redução de estoques por varejistas e atacadistas brasileiros.
A companhia destacou, contudo, que atacadistas em outros mercados, como o europeu, começaram a interromper o processo de redução dos estoques. A empresa informou ainda que vai "explorar de forma mais completa" suas marcas recém-adquiridas na segunda metade do ano e se centrará "na contenção de custos", disse o CEO da empresa, Bob Kunze-Concewitz, no comunicado.
"Este é um desempenho sólido de uma empresa bem administrada", disse o analista Phis Rudman, da Exane BNP Paribas, em Londres, que classifica as ações com recomendação "neutra". "Os únicos [pontos] negativos remanescentes são o Brasil e EUA."
As contas do bourbon Wild Turkey, comprado em 29 de maio por US$ 581 milhões, foram incluídas em um mês. O lucro antes de juros, impostos e itens extraordinários subiu 8,4%, para € 98,4 milhões.
Veículo: Valor Econômico