Depois de 60 dias de negociações, a PepsiCo, segunda maior fabricante de refrigerantes do mundo, anunciou ontem um acordo para comprar 100% da Água de Coco da Amazônia, a Amacoco, dona das marcas Kero Coco e Trop Coco - que controlam 70% do mercado nacional da bebida. A Amacoco é uma sociedade entre a Sococo, a maior processadora de coco do país, e o grupo mineiro Regon, do empresário Luiz Otávio Possas Gonçalves.
O valor do negócio não foi revelado. Mas a Sococo, que tinha 50% da sociedade, além de levar sua parte em dinheiro, ficou também com a unidade de produção (fábrica e coqueiral) da Amacoco em Ananindeua, no Pará. As outras duas unidades de produção da Amacoco, uma em Petrolina (PE) e outra, recentemente inaugurada, em São Mateus (ES), serão agora da PepsiCo. Além disso, A Sococo, que tem outras fazendas de coco e fábrica em Maceió (AL), garantiu na negociação um contrato de fornecimento de água de coco para a PepsiCo. A Sococo, segundo fonte envolvida na negociação, "saiu da história ganhando três vezes".
Ao entrar no mercado de água de coco, a ideia da PepsiCo é, além de beneficiar sua imagem com um produto que tem atributos ligados a noções de bem estar e saúde, explorar o mercado nacional e exportar. "Existe um grande potencial de exportação desse produto e nós poderemos levar o hábito de consumo da água de coco ao mundo", disse Vasco Luce, presidente PepsiCo América do Sul Bebidas, em comunicado da empresa.
O mercado nacional de água de coco movimenta 60 milhões de litros ao ano. O consumo per capita no país ainda é baixo: 310 ml por habitante. O de refrigerantes é de 75 litros ao ano. Mas, em comparação com o mercado de bebidas prontas, que cresce 9% anualmente, o de água de coco evolui a uma taxa de 14%. Em 2008, as vendas de água de coco em embalagens do tipo longa vida movimentaram R$ 195 milhões.
"O potencial de crescimento com a entrada de uma multinacional no setor é enorme", diz Adalberto Viviani, consultor especializado do mercado de bebidas. Um exemplo, segundo ele, foi o que aconteceu com sucos a base de soja. "Todo mundo odiava bebida de soja, até que a Unilever entrou na categoria e lançou o Ades", lembra ele. O mercado de bebida a base de soja, que girou R$ 174 milhões há cinco ano, fechou o ano passado com faturamento quase quatro vezes maior: R$ 672 milhões. A Amacoco, por sua vez, faturou R$ 120 milhões com a venda de 40 milhões de litros de água de coco no ano passado.
A diferença que uma empresa internacional faz em negócios como o de água de coco está na distribuição e no marketing. A PepsiCo, em nota, informou que "que utilizará sua força de distribuição local para expandir as vendas pelo Brasil." A empresa possui dois canais de distribuição no país: um próprio, no qual escoa sua produção de salgadinhos, e outro que fica a cargo da AmBev, que entrega os refrigerantes Pepsi. Atualmente não há nenhum acordo que inclua a água de coco na distribuição da AmBev. Mas fontes ligadas a empresa garantem que a PepsiCo considera essa possibilidade.
Veículo: Valor Econômico