Com melhor performance operacional e despesas financeiras menores, a AmBev fechou o primeiro semestre com lucro líquido de R$ 2,96 bilhões, 22,1% maior que o de igual período do ano passado. Entre os trimestres, o avanço, pelo critério normalizado, chegou a 35,1%, para R$ 1,39 bilhão. Desde o acirramento da crise global, a companhia, que integra a maior cervejaria do mundo, a Anheuser-Bush InBev, preparou-se para enfrentar um quadro econômico desfavorável - que não se confirmou - com gestão de custos, produtividade e inovação em produtos. Em consequência, registrou, por exemplo, redução de 11,8% no custo por hectolitro de cerveja no mercado brasileiro. "Continuamos a executar nossos planos de melhoria de produtividade e inovações mesmo com um cenário macroeconômico no Brasil mais positivo do que antecipávamos. Vamos manter o foco de forma a nos posicionar para 2009 e o futuro", diz o diretor-geral da AmBev, João Castro Neves.
Em seu balanço, a AmBev explicou que o termo "normalizado" se refere às medidas de desempenho antes de itens não-recorrentes, como receitas ou despesas que não ocorrem no curso normal das atividades da empresa e por isso são apresentados separadamente. O lucro líquido consolidado da empresa no segundo trimestre foi de R$ 1,375 bilhão, 34,1% sobre os R$ 1,26 bilhão verificados em igual período de 2008. Nos seis primeiros meses de 2009, o lucro líquido foi de R$ 2,964 bilhões, montante 31,5% superior aos R$ 2,254 bilhões verificados de janeiro a janeiro a junho de 2008. A receita avançou 15,3% a R$ 11 bilhões.
"Olhando para o segundo semestre, permanecemos cautelosamente otimistas com as perspectivas uma vez que o segundo semestre de 2009 será muito melhor do que antecipávamos no início do ano, principalmente no Brasil, mas ainda assim mais difícil do que o primeiro semestre", afirma a empresa no balanço. A companhia registrou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 2,367 bilhões, crescimento de 17,9% sobre o segundo trimestre de 2008. A margem subiu de 42,6 para 44,3%.
Integrante do setor que menos sentiu os efeitos da crise econômica global, a AmBev viu suas vendas crescerem 4% no segundo trimestre, o que contribuiu para que a empresa apurasse receita líquida de R$ 5,348 bilhão, alta de 13,5% sobre os R$ 4,713 bilhão de igual período do ano passado. Nos seis primeiros meses do ano, a receita líquida ficou em R$ 11 bilhões, avanço de 15,3% sobre os R$ 9,546 milhões registrados em igual período do ano passado.
"Nossa receita cresceu devido ao crescimento dos volumes e aumento de preço em nossas operações", afirma a empresa em seu relatório de balanço. O volume de vendas no segundo trimestre foi de R$ 34,07 bilhões, aumento de 4% sobre os R$ 32,7 bilhões verificados em igual período de 2008.
O Ebitda normalizado da empresa, no segundo trimestre, ficou em R$ 2,383 bilhões, valor 18,4% superior ao obtido em igual período de 2008 (R$ 2,012 bilhões). Nos seis primeiro meses do ano, o Ebitda normalizado alcançou R$ 4,966 bilhão, alta de 20,5% sobre o de igual período do ano passado, quando o indicador ficou em R$ 4,119 bilhões.
A empresa notou um crescimento de 7% no volume de cerveja no Brasil nos três meses até junho, "graças ao crescimento real da renda disponível ao consumidor pelo segundo trimestre consecutivo e ganhos de participação de mercado". "Nossa participação média de mercado no segundo trimestre de 2009 alcançou 68,3%, 100 pontos-base a mais que no mesmo período do ano anterior, em decorrência do bom desempenho das nossas inovações e um ambiente competitivo mais racional durante o período", destacou a AmBev.
O custo dos produtos de cerveja vendidos no país caiu 11,8 por cento no trimestre "devido à hedges de moeda e (preços de) commodities mais favoráveis", informou a empresa no balanço. Já as operações na América do Sul, formadas pela unidade Quinsa, sofrerem queda de 3,5 por cento nos volumes orgânicos, com cerveja recuando 0,7 por cento e refrigerantes caindo 7,5 por cento. Apesar disso, o Ebitda da região cresceu 37,3 por cento contra o ano passado, apoiado por "gerenciamento de receita e por contínuos ganhos nos custos fixos no período".
No Canadá, os volumes totais subiram 2,3 por cento no trimestre passado, enquanto o Ebitda teve ganho de 14,1 por cento.
A empresa, que foi condenada pelo Cade, no final de julho, a pagar multa recorde de 352,7 milhões de reais por causa de programa de fidelidade de bares lançado no início dos anos 2000, informou que ainda não fez provisões para essa despesa e que pretende recorrer da decisão na Justiça.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ